AVENIDA DOS IMIGRANTES Bairros Asa Branca, Buritis e Caimbé.
O poeta roraimense Eliakim Rufino, em sua música “Neto do Nordeste”, canta: “Eu tenho um pé no Ceará, o meu avô era de lá; Eu tenho um pé no Maranhão, eu tenho mais, eu tenho a mão; Eu tenho um pé no Piauí, Rio Grande do Norte passa por aqui. Eu tenho um pé em Pernambuco, tenho uma perna no sertão. Eu tenho um braço na Bahia, uma costela em Alagoas, e na Paraíba – o coração. Quem é filho do Norte é neto do Nordeste, sou chuva na floresta, sou mandacaru no Agreste. Quem é filho do Norte é neto do Nordeste, sou farinha de caboclo, eu sou cabra da peste”. Em 1861 o fazendeiro Sebastião Diniz transferiu-se da Ilha de Marajó, no Pará, para a bacia do rio Branco, trazendo para os nossos lavrados uma grande quantidade de bois, cavalos, cabras, ovelhas e aqui fundou mais de vinte fazendas. Dentre elas: Flechal, Ponta da Serra, Maruaí, Jutaí, Jacitara, Truaru, Pau-Rainha, Iracema, Santa Adelaide, Bonfim e outras na região da Serra da Lua.. Sebastião José Diniz foi também pioneiro no transporte fluvial do rio Branco, com lanchas a vapor em viagens de Boa Vista a Manaus e de lá até Belém, no Pará, e com recursos próprios ajudou na ocupação desta região, além de haver, com uma equipe de 12 homens, feito a primeira estrada de terra (uma picada no meio da selva) partindo de Manaus até Boa Vista. E, para trabalhar em suas fazendas no rio Branco, foi buscar famílias no Ceará, na Paraíba e noutros estados nordestinos, onde fez circular notícias animadoras sobre a agropecuária e a riqueza dos nossos lavrados. Nesta propaganda, a fim de atrair os nordestinos, Sebastião Diniz divulgou que aqui se podia ter terra de graça para trabalhar, só esperando pela ação do homem. Além disso, ele ainda fornecia passagens gratuitas às famílias que desejassem vir para o vale do rio Branco. Dentre estas, registramos as famílias: do Terêncio Lima; os Pereira de Melo – vindos da cidade de Bananeiras, na Paraíba; o Severino Pereira da Silva (Severino Mineiro – fundador do Uiramutã e patriarca da família Sales em Boa Vista); do Piauí – os descendentes do velho Piauí; do Rio Grande do Norte – Oliveira Brito –; e vindos do Ceará: João Evangelista de Pinho e os Alves dos Reis, o Joaquim Gomes (Joaquim Vermelho), o Roberto Costa e irmão; e muitas outras famílias. A imigração maior se deu no período de 1887/1888, devido a grande seca no nordeste brasileiro, fazendo com que o êxodo para a terra de Macunáima fosse intensificado, registrando-se diariamente a chegada de barcos transportando famílias maranhenses, piauienses, cearenses, paraibanas e de outros estados. Ao chegar, eram alojadas num barracão à beira do rio até a chegada dos carros-de-bois que as levavam para o interior.
Coincidência, ou não, 100 anos depois, em 1988 (até 2000) foram “convidados” centenas de nordestinos, principalmente do Maranhão, para Boa Vista, a fim de dar suporte ao número de habitantes e eleitores exigidos por lei para a efetiva instalação do Estado de Roraima. Como se vê, foi uma reprise do que aconteceu no século anterior, só que desta vez o personagem principal desse “filme” não foi o Sebastião Diniz. Foi outro. Nesta segunda edição criou-se até cenário próprio com direito a set de filmagem: Pintolândia. Voltando ao século passado, ressaltamos a figura marcante do cearense João Evangelista de Pinho – o velho Dandãe-, aqui chegado no dia 14/11/1896. Com muito trabalho ele fundou as seguintes fazendas de gado: São João e Encanto, no alto rio Cotingo, e São Raimundo, no Surumú; a Capiranga, na região da Água Boa de baixo; a Caçada Real, no Murupú; a Tipografia, que destinou para Adolfo Brasil; as fazendas Terezinha e Barro (esta, no centro da Vila Pereira) no Surumú. Devido à sua enorme contribuição para o desenvolvimento econômico de Roraima, João Evangelista de Pinho – o velho Dandãe- foi homenageado pelo Governador Fernando Ramos Pereira com seu nome dado a uma ponte de concreto sobre o rio Surumú no km 110, próxima à fazenda Flechal. Na capital Boa Vista há ainda uma Rua que leva seu nome e a Escola Estadual Vovô Dandãe, no Bairro Liberdade. Hoje a população de Roraima é uma miscigenação de brasileiros vindos de várias regiões e aqui contribuem para o desenvolvimento deste Estado, o que só acrescenta e melhora o nosso dia-a-dia.