Bicho-gente, bicho-homemEstamos na Era da circulação rápida e em tempo real da informação e também da disseminação ampla do conhecimento em todos os níveis. Basta um clic e uma biblioteca abre-se no celular na palma da mão ou na tela do computador sobre a mesa. Somos bombardeados diariamente com ações educativas, de conscientização e de alertas por todos os lados e por todas as mídias. Ninguém escapa aos olhos da grande teia. Então, diante desse maravilhoso mundo conectado, constata-se que as pessoas adultas não querem ser educadas, informadas nem conscientizadas quando se trata de cuidar do meio ambiente. Logo, só resta esperar pelas crianças, mas sabendo que, muitas vezes, os pais desses pequenos são o mau exemplo dentro de casa, na convivência diária. Necessário lembrar que, quando se fala de meio ambiente, não se trata tão somente de cuidar de matas, bicho não-gente, rios, mares, serras e cachoeiras. Trata-se de também cuidar do espaço onde cada pessoa vive e circula. Significa também se preocupar com as ações e o bem-estar do bicho-homem. É isso que as crianças precisam aprender de forma urgente e constante: o meio ambiente somos todos nós, é a casa onde vivemos, é a escola onde estudamos, a praça que frequentamos, o rio ou mar onde banhamos, a água que bebemos. Precisam entender ações simples como: um papel lançado no asfalto terá forte impacto não apenas na natureza, mas no bem-estar de cada cidadão.Parece que as crianças estão crescendo dissociadas da realidade sobre o meio ambiente, tornando-se adultas que bradam pela preservação, mas lançam o palito de picolé na praça, o pedaço de papel no chão e suas latas de refrigerante e cerveja nas praias ou mesmo da janela do carro. Quem faz caminhada no campo de areia do Ayrton Senna, cedo da manhã, percebe que as pessoas que fizeram exercícios na noite anterior jogam as garrafas descartáveis de água e refrigerante ali mesmo, como se elas não tivessem obrigação alguma de cuidar do lixo que produzem. Muitos acham que ficar preocupado com a natureza é assistir aos alertas mundiais e nacionais que surgem diariamente por meio das tragédias ambientais transmitidas pela TV, como se meio ambiente fosse algo distante, inacessível ou que fica onde só haja mata, rios e serras. O bicho-homem, por vezes, acha que não integra o meio ambiente, que ele é autossuficiente, que sempre terá alguém para fazer por ele (incluindo os governos) e que, se o mundo for acabar mesmo por uma catástrofe ambiental, já estará morto e enterrado (torço que as religiões estejam certas e que haja um inferno qualquer). Enfim, como o bicho-homem adulto é um caso perdido, então que cuidemos de nossas crianças, pois somente a partir delas resta a esperança de que esse mundo um dia terá jeito, não apenas na questão do meio ambiente. Lembrando que quem cuida do meio ambiente também cuida da cidadania.*JornalistaAcesse: www.roraimadefato.com/main
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AFONSO RODRIGUES
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