Jessé Souza
Binoculo e o diabo 06 02 2015 595
Binóculo e o diabo – Jessé Souza* A popularização das tecnologias colocou nas mãos das pessoas a possibilidade de se expressarem com mais facilidade e rapidez para um universo maior de pessoas. Antes, um fato como a morte do então governador de Roraima, Ottomar Pinto, provocava um congestionamento nas linhas telefônicas, como ocorreu naquele 11 dezembro de 2007. Hoje isso seria impensável, uma vez que uma avalanche de informação é repassada instantaneamente por meio de celular para centenas de pessoas sem que o indivíduo precise fazer uma ligação telefônica. Porém, o que significa um avanço na forma de se comunicar não representa avanço na forma de pensar e agir diante dos fatos. É o “efeito binóculo”, quando as pessoas pensam estar alcançando os fatos com mais profundidade e em maior alcance possível. Com este efeito, as pessoas têm alcances maiores em suas informações, mas a sensação de estar monitorando de perto o que está longe, a exemplo do PT em Brasília, a Dilma no governo, o mensalão no Congresso, o escândalo da Petrobrás, acaba encobrindo a realidade local, fazendo as pessoas acharem que os problemas vêm apenas de cima para baixo. Os escândalos que vemos em Brasília não são de hoje e não foram criados por “comunistas” ou alienígenas. Eles têm raízes locais a partir de quando o eleitor, em seu município, vota em políticos que dão sustentação à corrupção em Brasília. Um exemplo é o caso da Petrobrás. Comumente, olhando o problema com o binóculo da internet, as pessoas vão jogando a culpa nos corruptos que estão em Brasília, mas esquecem que existem parlamentares de Roraima que não apenas estão envolvidos no escândalo da Petrobrás, por receberem propinas, como também dão apoio às tramoias do governo Dilma. As pessoas precisam aprender a olhar no binóculo sem perder o foco da sua realidade local, analisando que cada um de nós não apenas faz parte do problema como ajudou a criá-lo, quando se conduz ao poder, por meio do voto, políticos contumazes em dar apoio à corrupção em nível nacional. A internet nos dá ampla possibilidade de estarmos conectados ao mundo, olhando com mais amplitude aquilo que nos afeta de cima para baixo. Porém, na política, nós, no local onde moramos, é quem damos poder àqueles que estão apoiando e praticando as bandalheiras no Brasil, como é o caso da Petrobrás, que nos atinge em cheio quando vamos abastecer o tanque de nossos veículos. É preciso ficar com o binóculo bem ajustado para monitorar as ações que estão longe. Mas não podemos esquecer nossas atitudes locais, mandando corruptos para Brasília para com o diabo ter. *Jornalista [email protected]