A História registra que no dia 15 de Novembro de 1889 foi Proclamada a República, pelo Marechal Deodoro da Fonseca. Antes o sistema político do Brasil era a Monarquia, tendo como Imperador D. Pedro II, e a filha a Princesa Isabel casada com o francês Conde D`Eu.
Veremos nesta reportagem, qual foi o impacto social e político para Boa Vista com a Proclamação da República. O que mudou? Primeiro, vamos ver como era Boa Vista.
Em 1830, após deixar o comando do Forte São Joaquim, o capitão cearense, casado com a senhora Liberata Batista Mardel de Magalhães (filha do ex-comandante o major Carlos Batista Mardel e da índia Geminiana Cândida) instalou à margem direita do rio Branco a sua própria fazenda, e a esta deu o nome de: “Fazenda Boa Vista”.
A Lei nº 092, de 09 de novembro de 1858, assinada pelo presidente da Província do Amazonas, Francisco José Furtado, estabeleceu que no local da fazenda Boa Vista, fosse elevado à condição de Freguesia “de Nossa Senhora do Carmo da Boa Vista do Rio Branco”. E, em 1887, a Freguesia foi elevada à condição de “Vila de Boa Vista do Rio Branco”.
Em 1877, houve uma grande seca no Nordeste brasileiro, o que motivou a vinda dos primeiros nordestinos para Boa Vista. Mas, como não havia emprego e nem atividade de construção civil, a maioria foi para o interior trabalhar na lavoura e na criação de gado, tornando-se os primeiros fazendeiros da região.
Com a Proclamação da República (15/11/1889), formou-se em Manaus uma Junta Provisória, com o objetivo de fazer a transição do poder da Monarquia para a nova República, e foi substituído o então governador do Amazonas, Manuel Francisco Machado, o barão de Solimões. No dia 04/01/1890, a junta militar provisória deu posse ao primeiro Presidente da Província, o coronel Augusto Ximenes de Villeroy, tendo como vice-governador o senhor Guilherme José Moreira – Barão do Juruá. Ao ser nomeado para governar o Amazonas, pelo o Presidente da República, o Marechal Deodoro da Fonseca, o coronel Villeroy foi promovido ao posto de General, no dia 04/01/1890. E, em julho daquele ano, tomou ciência do comércio entre a Vila de Boa Vista do rio Branco com a cidade de Manaus, no Amazonas.
Villerroy, então publicou o Decreto nº 049, de 9 de Julho de 1890, criando o Município de Boa Vista do Rio Branco, com terras desmembradas da Vila de Moura, próxima do rio Negro. A instalação oficial do Município ocorreu no dia 25 de julho, pelo emissário do Governador Villerroy, o capitão Fábio Barreto Leite. Este, ao desembarcar em Boa Vista, reuniu o povo e nomeou o primeiro Superintendente (Prefeito) João Capistrano da Silva Mota (o “Coronel Mota”), e, para auxiliá-lo, dois Intendentes (vereadores), os senhores José Francisco Coelho e Joaquim Gonzaga de Souza Junior.
O Governador Villeroy permaneceu no poder até o dia 02/11/1890, quando foi substituído pelo engenheiro militar Eduardo Ribeiro, que governou até o dia 05/05/1891.
Quando o município de Boa Vista foi criado, o governo do Estado do Amazonas não tinha recursos financeiros para desenvolver o vale do rio Branco como desejava. Nem o gado que crescia e se desenvolvia nos lavrados de Roraima e que servia, inclusive, para o abastecimento de Manaus, conseguia estimular os governantes amazonenses a investir em Boa Vista ou no interior da região. Resultado: a economia girava apenas com as atividades agropastoril e alguma produção de ouro que vinha da região do Tepequém. O problema maior era a carência de gêneros alimentícios e de outros produtos na cidade. Passou-se então a se depender quase exclusivamente do que traziam os Barcos vindos de Manaus, e que retornavam com a produção de fumo, ouro, couro de boi e gado.
O explorador americano Alexandre Hamilton Rice, quando esteve em Boa Vista em 1924, registrou que: “Boa Vista era o único agrupamento junto ao rio (Branco) que tem a honra de ser chamada de “Vila”. Este aglomerado era composto de 164 casas, que abrigavam uma população de 1.200 almas (pessoas). Alguns destes prédios são de tijolos: a Igreja Matriz, a Intendência (nome da antiga Prefeitura), algumas casas de moradia e o Armazém, também eram feitos de tijolos. Já a maioria das casas era feita de reboco e pau-a-pique”.
A escritora Nenê Macaggi, em seu Livro: “A mulher do Garimpo–Romance do Extremo sertão Norte do Amazonas”, publicado em 1976, escreveu na página nº 110:
“Boa Vista era um Vilarejo até 1926, pequenina e triste (…) muito espalhada, com poucas casas de alvenaria e inúmeras de taipa, cobertas de palhas de buriti ou inajá. Sem árvores, sem praças, e sem flores. Prédios velhos e feios. Quintais abertos e abandonados, sem uma horta ou jardinzinho. Só um bangalô, à distância, embelezando a paisagem. Nenhum grupo escolar, sendo raras as suas escolas regidas por professores primários. Sem Cais, e as margens do rio terríveis para a atracação das embarcações. Ruas estreitas e barrentas e, no centro da cidade, um coreto coberto de palha. Nenhuma indústria. Comércio regular e população igual à população das cidades interioranas: Curiosa, maledicente, hospitaleira, alegre e amiga de festas e piqueniques”.
A vida em Boa Vista só veio melhorar com a criação do Território Federal do Rio Branco no dia 13/09/1943 (Decreto-Lei nº 5.812), mudado o nome para Território Federal de Roraima em 13/12/1962 (Lei nº 4.182) e, a partir de 1964 com os governadores militares, chegando finalmente a transformação de Território em Estado, no dia 05 de outubro de 1988.
Boa Vista, enquanto Município, completou 133 anos desde sua criação, em 09 de julho de 1890.
Roraima, completou 35 anos desde sua transformação de Território em Estado (05/10/1988).
E, o Brasil, enquanto país, desde a mudança de Regime: Monarquia (Imperador D. Pedro II) para República (primeiro Presidente o Marechal Deodoro da Fonseca), completa neste dia 15 de novembro, 134 anos (1889 – 2023).