Hoje é sexta-feira (30.09). Faltam menos de 48 horas para de quase 160 milhões de brasileiros e de brasileiras comparecem às suas seções eleitorais para escolher um/uma presidente da República, um/uma governador, um senador – aqui não temos candidatas ao Senado Federal-, deputados/deputadas federais, e deputados/deputadas estaduais. A campanha já está quase encerrada, mais ainda existe um tempinho ainda para a reflexão de todos. Boa Eleição, com escolhas conscientes.  

ADVERSÁRIO 1

Depois do último debate publico entre os candidatos e candidatas à Presidência da República os petistas e seus aliados que apoiam a candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT) escolheram o adversário preferencial na reta final da campanha. Trata-se do padre Kelmon, o candidato presidencial do PTB, que substituiu Roberto Jefferson depois que este teve a candidatura recusada pela Justiça Eleitoral. Durante do debate de ontem, quinta-feira, Kelmon tocou na ferida aberta da candidatura de Lula da Silva, cujo discurso teima em afirmar que o petista foi “inocentado”. Olhando olho no olho, o padre disse que Lula nunca foi inocentado, ao contrário foi condenado em três instâncias da Justiça Brasileira, mas por decisão de ministros do Supremo Tribunal Federal, indicados pelo petismo e pelo tucanato do PSDB foi “descondenado”.

ADVERSÁRIO 2

Para além de gostar, ou não gostar do surgimento daquele candidato do PTB, a grande verdade é que ele falou exatamente a verdade. Lula da Silva foi condenado por pelo juiz Sérgio Moro, de Primeira Instância da Justiça Federal do Paraná – sede das apurações da operação Lava Jato-; e pela juíza Gabriela Hards da mesma 1ª Vara da Justiça Federal de Curitiba. Nesta última, Lula foi condenado a mais de 12 anos de cadeia. Os advogados do petista recorreram de ambas as condenações ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-01), com sede em Porto Alegre (RS), cujos desembargadores, por decisão unânime, confirmaram as condenações, aumentando a pena do condenado.  Ainda inconformado, os advogados do petista recorreram a uma terceira Instância, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), com sede em Brasília, que também manteve a condenação de Lula da Silva, que passou a cumprir a pena numa sala especial, montada na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

ADVERSÁRIO 3

Pois bem, apreciando recursos dos advogados do petista, os ministros do Supremo Tribunal Federal, em parecer do ministro Gilmar Mendes, que guardou consigo o pedido de vista do processo por quase dois anos, até que houvesse mudança da composição das turmas do STF, apresentou um parecer reconhecendo a parcialidade do juiz Sérgio Moro, pedindo a anulação de todos os atos que levaram a condenação de Lula da Silva. Mas, a tarefa não estava completa, afinal, outros magistrados sem qualquer suspeita de parcialidade haviam condenado o petista, entre eles a juíza Gabriela Hards, os desembargadores federais do TRF-01 e os ministros do STJ. Foi aí que apareceu a colaboração imprescindível do ministro Edson Fachin, indicado ao STF por Dilma Rousseff (PT). Fachin e seus aliados decidiram por uma saída definitiva para “descondensar” Lula e ao “descobrirem”, após mais de quatro anos que Lula não poderia ser sido processado e julgado em Curitiba, e sim em Brasília.

ADVERSÁRIO 4

A “descoberta” dos ilustres ministros fez anular todos os atos e procedimentos dos processos que condenaram Lula da Silva em Curitiba, Porto Alegre e Brasília; forçando o encaminhamento de todos eles para começarem a tramitar numa das Varas Federais do Distrito Federal. Acontece que tudo foi pensado nos mínimos detalhes, inclusive, o fato de que por ter mais de 70 anos, os crimes atribuídos ao ex-presidente passam a prescreve na metade do tempo para um réu mais novo. E neste caso, a tentativa de compra e reforma do triplex do Guarujá, da reforma do sitio em Atibaia e outros crimes atribuídos ao ex-presidente, já estão prescritos, ou seja, eles não pode mais ser apurados e julgados.

ADVERSÁRIO 5

Foi isso que disse o petebista padre Kelmon, olhando olho no olho do petista. Simples assim. Lula não resistiu encarar a verdade, e perdeu a linha passando a atacar seu adversário. E ele passou sua irritação para os correligionários; desde o início de hoje, as redes sociais dos petistas e seus aliados não tratam de outro assunto a não ser tentar fazer a desconstrução do padre petebista, acusando-o entre outras coisas de não ser padre de qualquer igreja católica regular; de ser um candidato laranja, entre outras coisas. Esse padre Kelmon pode não ter a mínima qualificação o para ser presidente da República; pode até não credibilidade e legitimidade política, mas isso não invalida a verdade de sua mensagem sobre Lula e sua experiência com malfeitos, que não se resume ao que foi apurado na operação Lava Jato. É típico caso de que a mensagem deixa verdadeira por conta do mensageiro.

ESCOLHA

Em vez de combater a verdade, os eleitores de Lula da Silva poderia dizer que votam nele porque não suas virtudes justificam o perdão à roubalheira que lhe é atribuída. É tudo uma questão de escolha, que afinal tem de ser respeitada num ambiente de democracia que todos estamos pensando em preservar. Podem também justificar que a visão de esquerda e de maior estatismo pregada por Lula, é a melhor do que as propostas mais liberais dos outros candidatos que lhe fazem oposição; ou mesmo as propostas de Ciro Gomes (PDT), que se aproxima da proposta de um Estado socialmente necessário. As propostas de governo são diferentes e facilita a escolha.