Bom dia,

Vamos voltar ao tema da inserção do Brasil na nova ordem mundial, que vem sendo construída a partir dos desejos de países desenvolvidos dentro da lógica sobre a qual escrevemos duas vezes neste espaço na semana passada. Essa nova arquitetura que envolve a existência de países com soberania relativizada sob o controle de um governo mundial em matéria de meio ambiente e direitos humanos, organizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), com todos os seus braços, que inclui até mesmo tribunais internacionais, já amplamente aceitos pelas nações com fraca, ou quase nenhuma hegemonia.

Sem a compreensão de tal movimento internacional para a construção dessa nova ordem mundial não é possível entender os principais contornos do governo de Lula da Silva (PT), da presença em sua equipe de governo de figuras como Marina Silva (REDE), que apesar da aparência de fragilidade, é sem lugar a dúvida, a mais expressiva representante no Brasil na defesa desse movimento internacional. Sua presença no Ministério do Meio Ambiente é a garantia de que as ideias do ambientalismo internacional serão efetivamente observadas no que se trata especialmente da política do uso, ou não uso, da Amazônia como região estratégica para o desenvolvimento do Brasil.

Como escrevemos na semana passada, existem duas condições estabelecidas pelo movimento ambientalista internacional, únicas que podem garantir sustentabilidade nas atuais condições de vida no Planeta, que envolve populações com alto nível de conforto material – pressupõe como dissemos manter a imensa diferença entre a “Pegada Ecológica” existente entre a população que vive nas nações desenvolvidas e aquela dos miseráveis que vivem em do Terceiro Mundo-, de um lado o objetivo é estancar o crescimento populacional; e de outro evitar o crescimento do produto interno bruto per capta nos países da periferia.

Em resumo: para tornar a desigualdade entre os países sustentável, face à capacidade da biota é preciso não ter mais gente no Mundo comendo e demandando mais matéria-prima para a produção de bens e serviços, que já são alcançados pela população mais desenvolvida. Além de evitar mais gente pobre comendo é preciso segundo o ambientalismo duro evitar que os pobres já existentes fiquem mais ricos explorando seus recursos naturais. Simples assim.

Amanhã tem mais.

 

  

AVALIAÇÃO 1

O secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Ricardo Weibe Tapeba, concedeu entrevista coletiva à imprensa, na manhã de ontem, pouco antes de embarcar para Brasília. Ele estava aqui desde sábado, 21, quando houve a visita do presidente Lula (PT) para checar in loco a situação dos índios Yanomami, na capital de Roraima. Desde então, Tapeba visitou três comunidades situadas na reserva Yanomami.

AVALIAÇÃO 2

Conforme ele, mesmo contando com o apoio da Força Aérea Brasileira, não foi possível descer da aeronave em algumas aldeias, simplesmente porque nos locais havia homens armados, possivelmente garimpeiros, que não se intimidaram nem com a presença dos militares. Por aí dá para se ter uma vaga ideia de como devem estar algumas comunidades mais isoladas.

HOSPITAL

Na coletiva, Ricardo Tapeba anunciou o início da instalação, ainda ontem, do hospital de campanha na região de Surucucus, uma espécie de base da Terra Indígena Yanomami, e também uma auditoria imediata em todos os processos e contratos do DSEI Yanomami e também do Leste. Apenas o processo de hora de voo, considerado essencial para a execução da força tarefa de socorro aos indígenas, será poupado neste primeiro momento.

DEVASTADO

O clima na Terra Indígena Yanomami, conforme Tapeba é de território devastado mesmo, com resgate inicial de 1.000 pessoas, e segundo ele, rios completamente destruídos pelo uso do mercúrio no processo de garimpagem, sem falar da área de floresta desmatada. Ele adiantou que ainda não há definição acerca dos nomes que devem assumir as coordenações indígenas locais, e que, por enquanto, tudo está sob o comando do Ministério da Saúde.

GUERRA

Enquanto isso, em Roraima, a repercussão em torno da visita de Lula e as informações sobre a crise no atendimento de indígenas virou uma verdadeira guerra política. A troca de acusações entre políticos locais em veículos de comunicação, redes sociais e grupos de mensagens instantâneas passa longe do nível civilizado de conversa. O resumo é: ninguém sabia de nada, mas se há culpa, é dos adversários.

ORÇAMENTO

Foi publicada no Diário Oficial de quinta-feira, dia 19, a Lei 1.795, que estima a receita e fixa a despesa do Estado de Roraima (Lei Orçamentária Anual) para o exercício financeiro de 2023. A partir de agora, ao menos teoricamente, o Estado pode “rodar”, como se fala popularmente, ou seja, as instituições podem dar andamento aos seus processos, contratar e pagar. Tem sido assim Brasil a fora, inclusive em relação ao orçamento da União. O ideal é que já no começo de janeiro tudo estivesse aprovado e apto para a execução.

ÍNDIGENA

Mesmo com todo o bafafá envolvendo a questão indígena nos últimos dias, o governador Antônio Denárium (PP) não nomeou o novo/nova titular da Secretaria de Estado do Índio (SEI). O ex-secretário Marcelo Pereira assumiu o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (IATER), por indicação da Assembleia Legislativa. Mas no Orçamento 2023, a SEI tem previstos R$ 28.000.998,00 para suas atividades. São R$ 10 milhões a mais que no exercício anterior.