Brasil: a guerra contra o coronavírus e conduta de Bolsonaro com relação à PF

Bom dia!

Hoje é quinta-feira (14.05). Em livro publicado no ano passado sobre o Brasil, referente ao período de 2003 a 2018, o ex-ministro da Fazenda e presidente do Banco Central, Pedro Malan, diz que a maioria dos problemas não é resolvido por conta do nível rasteiro com que as coisas são debatidas no país. Uma rápida observação sobre o que se discute agora no Brasil, desde Brasília, parece dar razão àquele engenheiro e economista, que além de técnico competente é um intelectual de muito boa erudição.

Os brasileiros e brasileiras parecem ocupados, agora, com duas agendas principais: a luta contra a pandemia da Covid-19, e tal da presumida interferência do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), na Polícia Federal. Tudo o mais parece ter sido deixado de lado, como se o destino da pátria esteja dependendo apenas disso. E não é verdade, nosso vieses são bem maiores e mais complexos.

E uma análise desapaixonada do que se discute em termos de combate a Covid-19 e da conduta de Bolsonaro com relação à Polícia Federal, mostra o quão rasteiro são os termos do debate. De uma lado, o cenário de enfrentamento da pandemia virou campo de guerra política entre opositores e apoiadores do atual governo, por questões ideológicas ou de oportunismo eleitoral. De outro canto, a tentativa de afastar Bolsonaro da presidência da República -sem fazer juízo de valor-, está comportando tudo o que for necessário para desgastar sua imagem. E só isso.

TARDE DEMAIS 1

As coisas não acontecem por acaso e a corrupção é parte do crime organizado. Seus protagonistas sabem o que fazem, e como trabalham articulados são mais rápidos do que os órgãos que deveriam agir com a necessária urgência para evitar a eficácia da prática criminosa. E por que estamos dizendo isso? Depois de revelada a bandalheira na compra dos respiradores pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) e do anúncio do governador Antonio Denarium (sem partido), de que pediria a devolução do dinheiro pago, indevidamente, adiantado, a justiça determinou o bloqueio do saldo na conta da empresa.

TARDE DEMAIS 2

Como teve tempo demais para consolidar o golpe, a empresa quase raspou a grana de sua conta. Depois de comunicado ao banco o bloqueio, o saldo existente na conta da Cmos Drake do Nordeste S.A era de pouco mais de R$ 100 mil., menos de 1% dos R$ 6,5 milhões liberados pelo governo do estado. É claro, quem faz o malfeito, toma todas as providências para consuma-lo, especialmente quando os dirigentes do serviço público não tomam medidas antecipadas, por falta de gestão; ou por má-fé. Afinal, eles também embolsam parte da grana surripiada do erário.

PREVIDÊNCIA

Exemplo de que os órgãos públicos não tomam as cautelas necessárias nos contratos que firma com empresas -no caso de Roraima, com empresa de fora do estado-, pode ser visto naquela compra superfaturada de uma gráfica de Manaus para a impressão de cartilhas, supostamente para combater o Covid-19. Pelas 100 mil cartilhas (será que foram todas entregues?), o governo estadual pagou mais de um milhão e trezentos mil reais. Sabe, o leitor, qual o capital social da empresa? Apenas R$ 65.000,00, ou seja cerca de 5% do valor contratado. Evidentemente, muito aquém de cobrir uma eventual ação judicial de ressarcimento, caso o governo estadual decidisse recuperar o prejuízo sofrido.

RESPONSABILIDADE

A Parabólica ouviu, ontem, seis deputados estaduais para ter uma ideia, mesmo que por amostragem, sobre a compreensão desses parlamentares sobre dois temas que estariam, teoricamente, na agenda da Assembleia Legislativa do Estado: a questão das irregularidades praticadas no âmbito da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau). Foram ouvidos parlamentares do bloco da maioria, e também da base de apoio ao governo. No caso dos malfeitos na Sesau, todos os deputados estaduais consultados foram unânimes em dizer que não acreditam que eles foram praticados solitariamente pelo ex-secretário Francisco Monteiro. Pelo histórico dele, como homem de confiança no governo; pelas práticas correntes na atual administração, os parlamentares entendem que tem mais gente envolvida.

IMPEACHMENT

Outra questão abordada com os deputados estaduais foi o eventual processo de impeachment requerido por três parlamentares contra o governador Antonio Denarium, cujo início de tramitação depende da vontade monocrática do presidente da Assembleia Legislativa do Estado (ALE), Jalser Renier (Solidariedade). Apesar de um dos parlamentares ter dito que, no frigir dos ovos, o governador conta com apenas 6 dos 24 deputados e deputadas, a grande maioria dos consultados disse não acreditar que o processo de impeachment, sequer seja aceito por Jalser Renier. “Não interessa politicamente aos dois, neste momento o acirramento político entre os dois poderes”, disse um deputado estadual..