Bom dia, Hoje é segunda-feira (22.06). E estamos iniciando a semana com a enorme angústia de saber que o Brasil ultrapassou a marca de um milhão de pessoas contaminadas com a Covid-19; e pior que isso, foi ultrapassada a barreira dos mais de 50 mil mortos por causa do vírus. A esses números terríveis podemos acrescentar o desconhecimento das autoridades sanitárias, quanto ao chamado pique da pandemia, isto é, quantos brasileiros e brasileiras serão contaminados e mortos, antes que esses números comecem a regredir, como aconteceu na maioria dos países. O que temos são palpites, apenas palpites. Nossa situação é tão absurda que apesar de tantas contaminações e mortes, até hoje as autoridades sanitárias do país, em seus três níveis de governo, não têm uma política uniforme para enfrentar a pandemia. Continuam brigando e trocando farpas.

DECISÃO

Diante desse cenário macabro, o que se pergunta, e se quer saber, são as causas de tantas mortes? Seriam elas inevitáveis? Com certeza muitas delas não poderiam ser evitadas, mas seguramente algumas dezenas de milhares dessas vidas perdidas poderiam ter sido salvas se um conjunto de fatores, especialmente de ordem política, não tivesse acontecido no país. A começar pela marota decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) -como tem acontecido com muita frequência nos últimos anos-, “inventou” uma jurisprudência que retirou do governo federal a prerrogativa de definir a política nacional de combate a pandemia, “criando competências” complementares aos estado e municípios sem definir com clareza a hierarquia essas competências.

POLÍTICA

Ora, a decisão dos ministros da Suprema Corte impediu a adoção de uma política homogênea de combate à pandemia -lembrar que a Covid-19 se espalha sobre todo o país, e como tal assume caráter nacional-, o que seguramente daria ao governo central o papel de definidor de regras que deveriam viger para todo o pais. A decisão dos ministros do STF foi claramente política, por conta das repetidas declarações do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), contrárias às orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a política do distanciamento social. O presidente sempre foi contra ao isolamento vertical (total), preferindo um isolamento seletivo (isolamento horizontal), tendo, inclusive, demitido dois ministros da saúde por conta dessa controvérsia.

LARÁPIOS

Outro fato que deve ter contribuído por muitas mortes pela Covid-19 -que já houve e haverá-, é devido, sem lugar a dúvida, ao comportamento de larápios de governadores, prefeitos, servidores públicos graduados, empresários e alguns políticos. Blindados com uma legislação flexibilizando as normas de aquisição e contratação no serviço público, eles aproveitaram para roubar parte da montanha de recursos que foi disponibilizada pelos governos, especialmente pelo governo federal, realizando aquisições de materiais, equipamentos e medicamentos a preços superfaturados; além da contratação de obras e serviços, também superfaturados; e muitas entregues só parcialmente. Eles são atávicos em roubar, mesmo que isso custe milhares de vida.

INTERESSES MENORES

Finalmente, o que mais se viu no embate entre as autoridades políticas (desde a presidência, passando pelos governadores de estados e prefeitos) não foram sobre temas e metodologias quanto ao combate à pandemia; mas, um desfilar de vaidades, egos, e especialmente, embates politiqueiros em flagrantes desrespeito ao sofrimento dos milhares de mortos. Em vez de esquecerem, pelo menos momentaneamente, os pequenos interesses pessoais, para cumprirem suas respectivas atribuições; delas se esquivaram preferindo fazer mútuas acusações.

PUNIÇÕES

Aos corruptos, resta a esperança de que o braço da justiça possa alcançá-los, e assim, disse o juiz federal Hélder Girão Barreto, na audiência pública virtual realizada pela Assembleia Legislativa do Estado (ALE), na última semana. Aos políticos que submetem o direito inalienável à vida aos seus mesquinhos interesse politiqueiro a única solução e punição pode vir através do voto popular. Basta a população querer, e pode começar já nas próximas eleições municipais.

INCENTIVO

Além de fazer crítica a atuação dos órgãos federais encarregados de combater a garimpagem irregular em áreas indígenas, o procurador da República, Alisson Marugal, entrevistado, ontem, domingo, no programa Agenda da Semana, da Rádio Folha FM 100.3, disse que a entrada de garimpeiros na Terra Indígena Yanomami foi estimulada pelo envio de uma proposta enviada ao Congresso Nacional pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. O procurador disse também que o Ministério Público Federal (MPF) espera, faz mais de dois anos, que a Justiça Federal defira um pedido de liminar para obrigar a Fundação Nacional do Índio (Funai) a atender de forma humanitária os índios yanomami que perambulam pelas estradas e áreas urbanas de Roraima.

RAZÃO

Ora, todo mundo torceu para a Área de Proteção e Cuidado (APC), da Operação Acolhida, como a grande saída para o colapso existente no Hospital Geral de Roraima (HGR). Fica difícil entender, a não ser por razões de interesses corporativos, a resistência para a transferência de pacientes. Em tempo: cada médico, ou médica, contratado pelo governo estadual para trabalhar na APC, em regime de 12h x 36h, vai ganhar um salário de R$ 16.976,70.