Os órgãos fiscalizadores precisam dar atenção ao que historicamente vem sendo feito pela Companhia de Águas e Esgoto de Roraima (Caer) em relação a obras na rede de abastecimento, as quais destroem a malha asfáltica das vias da Capital sem a recuperação imediata e com qualidade. No fim de semana, o problema se repetiu tanto nas áreas centrais quando nos bairros mais afastados do Centro.
O asfalto novinho que foi colocado na Rua Ministro Sérgio Mota, na altura do cruzamento com a Rua Luiz Canuto Chaves, no bairro Paraviana, na zona Norte, foi escavado para um serviço de manutenção. Até aí, tudo bem. É uma obra necessária para manter o abastecimento de água potável e que precisa ser realizada o mais breve possível.
No entanto, não é feita a recomposição do asfalto como se deveria, para que um serviço de urbanização que estava perfeito não fosse prejudicado. O problema é que a empresa estatal corta o asfalto, abandona a obra e, quando decide fazer o remendo asfáltico, meses depois, acaba realizando um serviço mal feito, sem ao menos fazer a compactação do remendo.
No fim de semana, a Caer precisou fazer outra obra de manutenção na Avenida Ville Roy, nas proximidades de bares e restaurantes no bairro Caçari, na zona Leste. Provavelmente, será mais um ponto do asfalto que será cortado e abandonado ao descaso, com uma obra de recuperação sem o mínimo de qualidade que uma via importante precisa.
Mas o descaso ocorre pela cidade inteira, principalmente nos bairros mais afastados do Centro, longe dos olhos de quem deveria fiscalizar para impedir que recursos públicos investidos na urbanização da cidade não sofressem esse tipo de ação que contribui para desperdiçar dinheiro público e para esburacar a malha asfáltica da cidade.
As mesmas cenas protagonizadas pela Caer ocorreram nos últimos dias na zona Oeste da Capital. No cruzamento das ruas Uailan e Cotingo, no bairro Araceli, há três meses que a Prefeitura de Boa Vista finalizou o asfalto, mas a Caer já passou por lá cavando buracos sem fazer o trabalho de recuperação da malha asfáltica.
O mesmo ocorreu na Avenida dos Bandeirantes, uma das principais vias que interliga vários bairros, do Jardim Floresta ao Cinturão Verde, ajudando na mobilidade dos bairros Liberdade, Buritis, Pricumã e Asa Branca. E tudo fica por isso mesmo, com as vias destruídas por uma política de descaso explícito.
O que mais chama a atenção é que não se trata de um problema novo e localizado. Pesquisas feitas nos arquivos de jornal já mostraram que a situação se repete desde a década de 1980, como se fosse mesmo uma disputa política, sem que os órgãos fiscalizadores tomassem uma iniciativa para impedir a repetição do problema por tanto tempo e por toda a cidade.
Não é possível que não exista alguém que consiga enxergar a dimensão desse problema, o qual poderia ser resolvido se houvesse alguém fiscalizando ou mediante a boa vontade política da Caer de fazer uma recomposição asfáltica bem feita. Recursos não faltam para a estatal de abastecimento de água. Aliás, esse é um ponto que também precisa passar pelo crivo dos órgãos de controle. Mas esse é outro assunto…
*Colunista