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Cabôco carioca (josé gomes de araújo)

In memoriam aos seus 100 anos de nascimento

O Caboco Carioca era roraimense da Serra da Lua, no atual Município de Bonfim. Os Seus pais, Antônia dos Santos Araújo e João Gomes Carioca, eram do Ceará. Daí, o apelido do filho: “Cabôco Carioca”.

O apelido nasceu bem a propósito. Com seis anos, o “Zezinho”, como será chamado, rebelou-se contra o nome. Vendo sua casa sempre cheio de cabocos, resolveu pedir para trocar de nome. Queria ser chamado de caboco, Tuxaua da Maloca ou pelo menos “caboquinho”. Não colou, e o jeito foi emendar com o sobrenome do pai. Daí surgiu o Caboco Carioca.

Seus pais deixaram a Serra da Lua e foram morar próximo da maloca da Canauani no Igarapé Azul, mais perto de Boa Vista.

Caboco Carioca estudou até a 4ª série primária, em Boa Vista.

Com 12 anos foi trabalhar na Fazenda Urucuri, do senhor Afonso Brito, na mesma Serra da Lua, onde tinha nascido. Na verdade ele saiu de casa para passar apenas dois dias naquela fazenda, mas passou oito anos cuidando das plantações e do gado. Lá conheceu Anita, já viúva do Barão (assim era chamado o ex de Anita, irmão do proprietário da fazenda Urucuri). Anita tinha dois filhos: Abelardo de três anos e Noélia de seis anos.

Caboco Carioca comprou umas terras próximas à fazenda e lá sitiou uma fazenda que a chamou de Boa Esperança e casou-se com Anita em 1948. Com ela teve sete filhos: Marlene, Paulo, José, Renier Mônato, Margareth, Marta e Brasilmar.

Na Boa Esperança foi o maior produtor de laranja de Roraima, chegando a produzir 400 mil laranjas, mandava para Manaus de avião. As laranjas foram levadas no avião grande do Atlas Cantanhede que transportava de 100 mil de cada vez.

Com os filhos crescendo resolveu vir para Boa Vista com o propósito de educá-los. Deixou a raça por um emprego na prefeitura de Boa Vista. Trabalharam com vários prefeitos. Com Mozart Cavalcante, foi administrador do Mercado Público, cujo Antônio Maciel foi administrador do Matadouro e com Júlio Martins, seu grande amigo e protetor, foi Diretor de Ação Social.

Nesse Cargo de Chefe da Ação Social da Prefeitura, com apoio do Prefeito, fez um grande trabalho comunitário, especialmente voltado para a saúde, educação e assistência social. Foi um trabalho considerado gigantesco para a época.

Levou médico e dentista a todos os cantos da cidade e do interior. Fiscalizava de perto o trabalho de assistência. Se o médico relaxava, ele ia a casa dele, acordava-o e levava no seu lugar de trabalho. Não deixava faltar médico, remédio, assistência, dentista, tudo o caboco dava conta. E fazia tudo sorrindo, abraçava a todos e cumprimentava a todos. Era tanto cumprimento que sua mão vivia sempre pronta para um novo cumprimento em um abraço. Caboco não tinha hora, nem dia par trabalhar. Com isso granjeou a amizade de muita gente.

Em 1976, elegeu-se vereador mais votado pelo partido político Arena (Aliança Renovadora Nacional, que apoiava o governo militar da época no Brasil), com sua grande votação puxou mais dois vereadores da sigla. Empossado como vereador, e o Prefeito era Júlio Martins. O Cabôco Carioca era muito popular e prestou relevantes serviços à população de Boa Vista. Na eleição seguinte o Cabôco Carioca não se reelegeu, mas continuou assim mesmo prestando bons serviços sociais que ele sempre prestou.

Cabôco Carioca foi casado com a senhora Anita durante 35 anos. Depois, conheceu Edileusa da Silva Peixoto (a Edileuzinha, como ele chamava), e passou a morar no Amajari. Com Edileuza, teve três filhos: Luiz Eduardo, Nair e Elizabeth. Tempos depois retornou para Boa Vista e em seguida foi morar em Brasília, onde reencontrou a sua primeira esposa Anita com os filhos.

O Caboco Carioca iria completar 100 anos de idade, neste mês de dezembro (ano 2024). Ele nasceu no dia 16/12/1924 e faleceu em Brasília no dia 16/09/2008, aos 83 anos de idade.