Jessé Souza
Cachorras do funk 20 05 2015 1009
Cachorras do funk – Jessé Souza* Em uma entrevista a uma TV local, a respeito do combate a crimes sexuais contra a infância e juventude, uma liderança que atua no setor argumentou que a roupa usada por uma menina não poderia ser considerada como motivo para justificar a pedofilia ou outros abusos sexuais. Infelizmente, vou ter que discordar absolutamente desta colocação. Em se tratando de uma mulher adulta, a forma de se vestir não é autorização para que ela seja estuprada nem pode servir como alegação para que estupradores se livrem da acusação do crime. Porém, quando se trata de crianças e adolescentes, não é bem assim. Em primeiro lugar, uma criança não deveria ser incentivada ou autorizada por seus pais a usarem roupas de adultas, como se sensuais fossem ou como uma dançarina de funk. Embora a forma de se vestir não seja autorização ou desculpa para nada (friso bem), desperta, sim, o impulso sexual dos pedófilos, uma vez que a pedofilia trata-se de um transtorno sexual. E também acaba por ajudar a erotizar a criança desde muito cedo, a fazendo crer que se vestir como “mulher fatal” é algo normal, e não uma imposição do mercado que explora a mulher como objeto ou como fonte de desejo sexual para vender seus produtos. Criança só deveria brincar e estudar. E também se vestir como criança. A forma de se vestir é um dos princípios que a família deveria adotar para não apenas proteger a infância e sua inocência, mas também para não “adultizar” quem precisa a ser criança em todas as suas fases. A internet está cheia de vídeos de meninas e meninos, que mal completaram 8 anos de idade, “dançando” como se fosse um ritual de acasalamento, com roupas impróprias para quem deveria apenas ser uma criança inocente brincando. Não sou extremista religioso nem uso de hipocrisia para atacar a honra de nenhuma mulher por sua forma de se vestir. Porém, quando diz respeito a crianças, minha opinião é que se trata de um dever da família proteger a inocência delas como forma de combater a exploração sexual e, de uma forma geral, a utilização do corpo da mulher como “um produto a venda”. Depois que as famílias cumprirem com suas obrigações, protegendo suas crianças e adolescentes, dando condições para que elas e eles cheguem à idade adulta como uma pessoa do bem e de caráter, então, ao completarem a maioridade, aí é problema pessoal a forma como elas vão se vestir. Se querem ser “cachorras do funk” ou “mulheres fatais”, isso não significa autorização para que sejam estupradas ou alijadas da sociedade. *Jornalista [email protected]