Minha rua fala

Carnaval – sua história. E, em boa vista – de ontem e de hoje

Muita gente pensa que o Carnaval é uma festa tipicamente brasileira, mas na verdade ele tem origem bem mais antiga. Está associado a cultos agrários da Grécia Antiga, por volta do séc. V a.C. (Século 5, antes de Cristo). Com o advento da agricultura, a fertilidade do solo e colheita eram celebradas todo ano. Nos séculos seguintes esta tradição espalhou-se pela Grécia, Roma e pela Europa medieval. Na Idade Média, com a sociedade bem separada em classes, sexo e bebidas tornaram-se parte dos feriados, como uma forma de escape.

O Carnaval cristão foi oficializado pela Igreja Católica em 590 d.C. (depois de Cristo).  Antes desta data, a instituição condenava a festa por ser “pecaminosa”. Entretanto, as autoridades eclesiásticas daquele tempo não conseguiram banir o Carnaval. Para evitar a devassidão, cerimônias foram impostas. Mas este tipo de restrição contradizia a natureza do Carnaval: risos, piadas.

O Carnaval começou a ser celebrado em Veneza no século XIII (13) e espalhou-se pelo mundo. Foi então que a festa adquiriu as características atuais: máscaras, fantasias, desfiles.

O Carnaval no Brasil – começou em 1723, quando portugueses chegaram das ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde. Na época, a principal piada consistia em jogar água uns nos outros. Era então conhecido por “Entrudo” (pessoas humildes ou escravos se fantasiavam e percorriam as ruas atirando “limões perfumados” uns nos outros). Depois surgiram os cordões e ranchos, as festas de salão, os corsos e as escolas de samba.

Zé Pereira”! Quem foi ele? Em 1846, o sapateiro português José Nogueira de Azevedo Paredes começou a animar as festas de Carnaval com tambores, chamados Zé-Pereiras em Portugal, o marco inicial da “percussão” como ritmo característico do Carnaval.

O personagem Zé Pereira é representado no Carnaval como um Boneco grande, conduzido por uma pessoa, e vai à frente do bloco do mesmo nome. Na cidade de são Bento de Sapucaí, no interior do Estado de São Paulo, tem um museu que conta a história do Zé Pereira e foi inaugurado no dia 25 de janeiro de 2020.

O 1º baile de carnaval ocorreu no Rio de Janeiro em 1840, quando os brasileiros conheceram os bailes europeus. As danças típicas eram a valsa, a polca e os schotisches. Pessoas usavam máscaras como em Veneza. Em 1855, as pessoas mais ricas organizaram as “sociedades” que desfilavam em carros alegóricos. Como reação, as pessoas mais pobres começaram a desfilar também, mas de uma forma mais simples. O contraste entre ricos e pobres foi representado por Ângelo Agostini.

CARNAVAL EM BOA VISTA – RORAIMA. Nas décadas de 1960/70 e 80 a Avenida Jaime Brasil não era apenas o centro comercial de Boa Vista, ela servia também de espaço para os desfiles dos “Blocos Carnavalescos” e das “Batalhas de Confetes” no meio da praça. A expressão popular estava nos “Blocos de Rua”, principalmente com: “Os Mascarados”, “As Melindrosas”, o “Bloco dos Sujos” e o irreverente “Bloco do Pó” (jogando Talco nas pessoas que estavam na calçada da Avenida Jaime Brasil). E, após o desfile, já no início da noite, a festa continuava no prédio da “União Operária”, na sede do “Rio Branco Esporte Clube” e no “Clube do Roraima” (do Time de Futebol Atlético Roraima, na Avenida Mário Homem de Mello, esquina com a Rua Cecília Brasil, no Centro).

Em 2006, o desfile de Carnaval passou para a Avenida capitão Ene Garcez.

E, em 2007 foi transferido para a Avenida Villerroy, em frente ao Estádio Canarinho. Nesta fase, as principais Escolas foram: “Praça da Bandeira”, “Império Roraimense”, “Aquarela”, “Embaixadores da Mecejana”, “Além do Equador”, “Ouro Verde”, e “Unidos do Beiral”.

Passou um tempo sem haver carnaval com escolas de samba nas ruas de Boa Vista, devido a acusação de malversação do apoio financeiro dado pela Prefeitura para as agremiações carnavalescas.

Em 2012, o desfile voltou para a Avenida Ene Garcez.

E, partir de 2014, as Escolas de Samba deixaram de desfilar (uma das causas foi à falta de patrocínio público-financeiro). De lá pra cá, optou-se pelo o retorno dos “Blocos de Rua”.

O Carnaval em Boa Vista não tem mais Escolas de Samba, que pena. A “Praça da Bandeira” foi Hexacampeã. Uma maravilha. E, nos traz à lembrança a querida e saudosa Tia Sabá que tanto fez por esta Escola.

No Carnaval de 2016, a Prefeitura Municipal de Boa Vista prestou uma homenagem especial ao jornalista Laucides Inácio de Oliveira (25/09/1931 + 07/03/2012); e ao professor e apresentador musical Jaber Gama Xaud (02/081931+18/12/2010), pela contribuição à história do Carnaval de Boa Vista. Na ocasião, as famílias de ambos estiverem presentes.

No ano de 2019, a animação ficou por conta dos Blocos, dos Trios Elétricos e da expressiva participação popular.  O Circuito do desfile foi delimitado na Avenida Ene Garcez, com concentração na Praça Fábio Paracat, em seguida percorrendo o trecho entre as Avenidas Major Williams, Serejo Cruz e Terêncio Lima, até o retorno à Avenida Ene Garcez.

Os Blocos são animações populares e traduzem realmente a alegria do povo roraimense. Entre os principais, destacam-se: “Bloco dos Palhaços”, “A Porca Q Fuça”, “Guerreiros de Jorge”, “Magia da Toada” “Camaleão”, “Coração Folia”, “Os Bambas da Avenida”, “Bloco do Mujica”, “Quebradinhos”, “Me Beija”, “Canaimé”, “Os Quadrilheiros”, “Kiari Arara Guerreira”, “Grito da Arara”, “CTJJ Folia”, “Papaxxana”, “Fanfarrões”, “Todo Mundo no Harém”, entre outros.

Em 2022, a Prefeitura Municipal de Boa Vista cancelou o desfile de Carnaval, devido a pandemia de Covid na cidade.

POR QUE O CARNAVAL NÃO TEM DATA FIXA PARA ACONTECER?

As datas do Carnaval são definidas da seguinte forma: primeiro, a Igreja Católica escolhe quando será o domingo de Páscoa, quando se comemora a ressurreição de Jesus Cristo. Em seguida, contam-se retroativamente sete domingos para se chegar ao Domingo de Carnaval. Isso significa que, diferente dos demais feriados, o de Carnaval não tem um dia fixo, ao contrário, ele muda de acordo com o ano.

Assim, no ano passado, 2024, o Carnaval teve início no dia 13 de fevereiro, terça feira. Já neste ano de 2025, acontece de 1º a 4 de março.

O Carnaval de Boa Vista, que começou sábado, dia 1º de março de 2025, tem a sua concentração diante da Praça Fábio Paracat, na passarela do desfile na Avenida capitão Ene Garcez dos Reis, tem têm um novo adicionante, o Bloco Casa da Mãe Preta (Banda Forrozão 900°/ Resenha do Samba) – na Avenida São José, 602, no Bairro Alvorada. Este Bloco trouxe como tema: “Axé nas Ruas, ser feliz é um ato de resistência”. A proposta do grupo é promover um momento de união, diversidade e valorização das raízes afro-brasileiras, reafirmando a importância da ocupação dos espaços públicos por meio da cultura e da arte.

A tradicional festa de carnaval organizada pela Prefeitura Municipal, adotou neste Carnaval de 2025 o Lema: “Folia que abraça, cidade que cuida”, incluindo o desfile de 35 blocos, com participação de 250 profissionais, entre músicos, cantores, palhaços e atores QUE participaram do evento.

Começou na Praça Fábio Marques Paracat (no centro, na Avenida capitão Ene Garcez), e nos bairros: na Praça Linear Chico do Carneiro (na Rua Pernambuco, entre o Parque Anauá e o Bairro dos Estados); também na Praça do Bairro Cabos e Soldados, no Bairro Caranã), na Praça do Bairro Cambará e na Praça Clotilde Thereza Duarte de Oliveira (na Rua Campo Grande, no bairro Nova Cidade.

Na Praça Fábio Marques Paracat (na Avenida capitão Ene Garcez), no Bairro São Francisco – Centro da cidade, as atrações foram: Bloco Carnarock (Banda Badcore); Bloco do Transplantado (Banda Fuzuêra), Bloco Telezé (Dithannia e Banda); Bloco dos Três (Renato Poeske e Banda), Bloco do Aloha (Banda Forró Ideal); Bloco Pão com Ovo – A Folia Junina (Forrozão Sacolejo); Leka Denz; Bloco Amigas do Capitão (Banda Nativa/ Dithannia e Banda), Bloco Afoxé Filhas e Filhos de Iemanjá (Banda Afoxé Filhas e Filhos de Iemanjá); Bloco dos Papudinhos (Ellen Ferreira e Banda), Bloco Boi Bumbá Folia (Banda Cantos do Norte); Bloco Bar da Brahma (Banda Fuzuêra), Bloco da Felicidade (Rogerinho da Bahia – Nacional/ Estevão Alves e Banda/ Felipe Cardoso e Banda); Bloquinho da Naipe (Márcio Alexandre e Banda), Bloco Fla Folia (Orion e Banda/ Márcio Alexandre); loco Carna Sound (Banda Forrozão Suvaco de Cobra Elétrico); Bloco do Servidor (Banda Luna); Bloco Os Bambas na Avenida (Banda Xama na Pegada); Bloco da Carretinha (Banda Fuzuêra); Bloco Classe A (DK e Banda); Bloco Cê Tá Dentro Deixa (Dj Chica Loca/ Juninho Pegada); Bloco Gigantes da Folia (Banda Resenha do Samba/ Leandro Smith do Kurty Samba/ Nem Boaventura – Manaus/AM); Bloco Canaimé (Banda Nativa/ Renato Poeske e Banda/ Fabinho – O Rei da Balada – Nacional); e Banda Nesse Esquema.

Ao mesmo tempo em que ocorria o Carnaval na Avenida Ene Garcez, com participação popular e “grátis”, outros eventos carnavalescos aconteciam com participação “paga”, com ingressos que variavam de R$ 30 a 200 reais.

No Bairro Nova Canaã, o Bloco Tradição Folia (Regina Lima e Banda/ A Vibe é Nossa) – Palco Aderval da Rocha, na rua Carmelo (em frente à Praça do Bairro Pintolância/Nova Canaã.

No Bairro Pricumã, na Rua das Onze Horas, o Bloco dos Sem Sogra (Dithania e Banda),

No Bairro Caçari, no Iate Clube, na rua Deusuita Mutran Paracat, o Bloco Pura Adrenalina (Grupo Maneiras/ Orion e Banda).

No Bairro Paraviana, na Rua Levindo Inácio de Oliveira, o Bloco do Zé (Regina Lima e Banda/ Márcio Alexandre e Banda)

Na Avenida Villeroy, no Bairro Paraviana, no período de 1º ao dia 4 de março:

– No “Bar Brahma”, as atrações foram: Vanda Guede, Uendel Pinheiro, Bateria da escola de samba Eskema, Pipoquinha Elétrico, Ellô e dithania.

No Eskina Lounge, as atrações foram: DJ Wago, Bloco do Mujica, grupo Ki’parada, banda A Vibe é Nossa, banda Nesse Eskema, Neuber Uchôa e banda, e a Banda Som Pá Tu.

No Mestre Cervejeiro (na Avenida Villeroy, as atrações foram: DJ PV, Banda A Vibe é Nossa, a Banda Xote de Buteco, o Bloquinho do Naipe, DJ PV, Xote do Miudinho, Renato Poeske e Banda, com Preço: R$ 30.

Ainda na Avenida Villeroy:  o Bloco do Aloha e a Banda Forró Ideal (com preços de ingressos de R$ 30 a R$ 90 reais.

Na Avenida Canuto Chaves (a que passa em frente à Faculdade Cathedral), no Bairro Paraviana, as atrações foram: Suvaco de Cobra, Xote de Boteco, DJ Davizeira, Teko Bolado; Conexão dos Blocos Liso e Confiado e Bloco do Twitter (Xote de Buteco/ Forrozão Suvaco de Cobra).

Na Avenida Minas Gerais (entre o Bairro dos Estados e o Bairro Paraviana), no Bar Brahma: banda Ousadia na Pegada, banda Ki Parada, Flávio Henrique e Banda, o DJ Dani Pin, e o DJ Davizeira, com preço de ingresso: R$ 50.

No Bar e Restaurante “Porão do Alemão”, na Avenida Villeroy, a atração foi a banda “Digão do Raimundos”.

No Restaurante “Mr (Mister) Quilo”, na Rua Floriano Peixoto, esquina com a Avenida Jaime Brasil, no Centro da cidade, no dia 03 de março, houve o “Baile do Havaí”, com as atrações: Renato Poeske e Vandah Guedes, com preços de ingresso que variavam de R$ 100 a R$ 200 reais.

CARNAVAL NA TERCEIRA IDADE.

Em época de carnaval a diversão é garantida para todas as idades. Sendo assim, a Prefeitura de Boa Vista, por meio da Secretaria Municipal de Gestão Social, promoveu neste Carnaval 2025 a primeira edição do “Bloquinho de Prata”, na Praça Linear Chico do Carneiro, no Bairro dos Estados. O Bloco é aberto ao público em geral da terceira idade.

 Quanto à questão de Segurança no Carnaval, foi desempenhada por 110 Guardas Municipais, 5 agentes de trânsito e 15 agentes de educação para o trânsito, com o apoio da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Detran,

Na área da Saúde, foi disponibilizada: Vacinas do calendário nacional adulto e infantil, além de distribuição de preservativos e gel lubrificante, autoteste de HIV. Os foliões também contaram com suporte médico avançado do SAMU – Boa Vista.

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.