Jessé Souza

Chinelo e gravata 4315

Chinelo e gravataNo Brasil da sem-vergonhice geral da nação é assim: bandido de chinelo vai para prisão e bandido de terno e gravata cumpre pena domiciliar. Não é de hoje que a Justiça é benevolente com os corruptos que têm influência. A mulher do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que está preso por corrupção, foi para a prisão domiciliar porque tem filhos para cuidar.

A mulher do ex-deputado Eduardo Cunha, também nas grades por corrupção, foi inocentada pelo juiz Sérgio Moro sob alegação de que não sabia do dinheiro milionário que aparecia em sua conta, mesmo comprando R$11 milhões em joias!

Nesta sexta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu converter a prisão preventiva do ex-deputado Rocha Loures em regime domiciliar podendo ficar livre, leve e solto durante o dia. Para quem tem memória fraca, Loures é filiado ao PMDB e ex-assessor do presidente Michel Temer, que tinha sido preso em 3 de junho pela Operação Lava Jato após a “delação Friboi” dos irmãos Batista, da JBS, ao ser filmado carregando uma mala com R$500 mil destinada a Temer.

Trata-se de uma decisão muito estranha, pois o mundo político temia que ele aceitasse uma delação premiada que iria abalar ainda mais e ferir de morte o presidente mais impopular que o país já teve, atolado nas denúncias que surgem no âmago da Operação Lava Jato.

Para complicar ainda mais este triste enredo do Brasil da sem-vergonhice geral, no mesmo dia o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, havia determinado que o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) reassumisse seu posto, demonstrando que a corrupção do PMDB e do PSDB é “menos grave” do que a corrupção do PT, mesmo que as provas sejam robustas, com gravações de áudio e vídeo.

Do jeito que esta situação se encaminha, não será nenhuma surpresa que, em um futuro não muito distante, esse grupo que está no poder encontre uma maneira de livrar todos da prisão e das graves acusações que pesam contra os políticos, comprovando que cadeia é apenas para pobres ou para os chamados “bois de piranha”, para enganar a sociedade a fim de que ela pense que justiça está sendo feita.

E muita gente foi enganada com aquela sentença de que primeiro se tiraria Dilma (PT) do poder para depois tirar Temer. A trama do impeachment deu certo, porém, hoje, até mesmo os membros da mais alta Corte judicial brasileira, o STF, mudou o tom da conversa, agindo claramente em favor dos interesses do grupo que está no poder, com destaque para o PMDB e PSDB. Em resumo: corrupto bom é corrupto fora da cadeia!

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