Clima e desleixosAs mudanças climáticas que atingem Roraima são fortes sinais de que as autoridades não podem mais trabalhar com a mesmice e acomodação de climas bem definidos, como se fazia em um passado não muito distante, quando havia um período de chuvas abundantes e outro de estiagem.
O Estado está atrasado quase duas décadas, depois que ocorreu o grande incêndio ocorrido em 1998, quando os olhos da imprensa mundial se voltaram para Roraima. De lá para cá, algo mudou em termos de estrutura e tecnologia para enfrentar incêndios e prevenir queimadas descontroladas. Porém, continuamos a patinar a cada seca mais forte, com as populações de municípios sofrendo com o desabastecimento de água potável e os riscos de incêndios de grandes proporções, além da agricultura e rebanhos sofrendo com a seca de pastos e açudes.
Quando chove, embora não seja mais aquele inverno do passado, pontes, bueiros e estradas rompem em evidente sinal de falta de planejamento por parte dos governos. Mesmo que tenha chovido pouco este ano, a forte chuva que caiu na região Nordeste do Estado, no mês passado, foi suficiente para provocar alguns estragos no Município de Uiramutã.
Também pudera. Os governos se revezam no poder e cada um fica jogando a culpa em seu antecessor, enquanto os recursos públicos são mal gerenciados para resolver as grandes questões que afligem a população roraimense. Sempre foi assim com as questões das estiagens, das queimadas e dos alagamentos. Com a seca que enfrentamos nesses dois últimos anos, os riscos de novas tragédias existem, no que pese a experiência adquirida pelas autoridades desde o grande incêndio de 1998. Embora não possa haver riscos de estragos com queimadas, o meio ambiente sequer se recuperou da seca do verão passado, já que não tivemos inverno com chuvas torrenciais.
Além disso, a escassez hídrica pode desencadear problemas sociais e de saúde nas populações do interior, o que significa não apenas transtornos com o desabastecimento, mas outros prejuízos para municípios que já vivem pendurados pelos parcos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
Sem contar com estragos nos rebanhos bovinos, nos plantios da agricultura e outras atividades agrícolas responsáveis por abastecer as cidades. Ou seja, o planejamento para enfrentar a instabilidade do clima é imprescindível para a economia do Estado.
Portanto, o assunto deveria ser tratado com a importância que ele representa, e não com os desleixos de sempre, que colocam a população em riscos iminentes. Se não houver seriedade no trato desta questão, iremos pagar um preço muito mais alto em um curto espaço de tempo.