Combate ao vandalismoA questão do vandalismo é preocupante, pois destrói aquilo que é mantido com o dinheiro público. E a Prefeitura tem explorado esse sentimento de revolta das pessoas como forma de propaganda positiva de sua administração, como se os vândalos fossem exclusivamente culpados pela deterioração do bem público.
O maior vândalo do patrimônio público, em Boa Vista, bem como em nosso Estado, é o próprio poder público, que deixa os bens dos governos se deteriorarem com o tempo, junto com o vandalismo, para que depois possam fazer reformas e revitalizações com preços superfaturados.
A Praça das Águas é apenas um desses exemplos. Como os serviços de manutenção nunca foram feitos, tudo acabou deteriorado, a ponto de as fontes pararem de funcionar, o serviço de som se danificar, o piso não mais prestar e assim por diante. Com aspecto de abandono, o vandalismo apenas seguiu o cortejo.
A reforma da praça, então, que poderia ter custado muito menos aos cofres públicos, caso tivesse ocorrido manutenção, acabou valendo uma fortuna pelo tempo de abandono e deterioração completa daquele espaço. E todos já sabem quem ganha com reformas de prédios públicos (leia artigo anterior).
Infelizmente, é assim que acontece nos governos. Um vidro rachado não é logo consertado porque custa muito pouco e, nesses esquemas, é preciso de muito dinheiro para que se possa realizar uma obra. Então, espera-se que, em vez de um vidro danificado, o prédio comece a desabar para que as obras de reforma custem altas cifras.
É esse tipo de vandalismo com os cofres e bens públicos que precisa acabar. É bonito e atraente a Prefeitura fazer propagandas combatendo os vândalos de praça, porém é mais importante combater o vandalismo oficial, que abandona não apenas as praças, mas escolas, hospitais, ruas, avenidas e outros bens essenciais para o bem-estar da população.
Vamos ao exemplo da Orla Taumanan, recentemente revitalizada depois de arrasada pelo vandalismo comum e pelo vandalismo público. Quem for à plataforma alta da orla pode observar, do lado esquerdo, um pilar inacabado, dentro da água, que deveria sustentar a continuidade do piso de uma nova plataforma.
Porém, a obra parou por ali e aquele pilar e a base de outros ficaram como símbolos do desperdício do dinheiro público. Ninguém pagou por isso até hoje. E ninguém sabe se alguém “comeu” o dinheiro da plataforma que nunca chegou a existir.
É desse vandalismo ao qual me refiro. Os vândalos dos cofres públicos atacam os recursos que deveriam estar servindo para o bem-estar coletivo, sendo bem aplicados nos setores essenciais. Mas quem liga para isso? Nos fazem acreditar que é melhor se preocupar com os vândalos de chinelo do que com os de gravata ou de blazer.
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