Enquanto postagens de um coronel da reserva, nas redes sociais, incomodam a alta cúpula da Polícia Militar e do Palácio Senador Hélio Campos, as matérias policiais dos últimos dias mostram a criminalidade na Capital, onde bandidos armados cometem assaltos audaciosos a comércios, e no interior do Estado, onde seguidos assassinato são cometidos.
Não há maior termômetro para medir a realidade da segurança da população do que as ocorrências policiais, indicando que é necessário que as autoridades tomem medidas para enfrentar a violência e a criminalidade. No entanto, os fatos revelam uma inércia política diante dos graves fatos que vêm ocorrendo com o envolvimento de policiais militares em crimes e até com venda de armas e munições.
Aliás, esse fato acaba se cruzando com a notícia da ida de lideranças indígenas Yanomami de Roraima a Brasília, onde se reuniram, na segunda-feira passada, 25, com o ministro Alexandre Padilha, no Palácio do Planalto, quando denunciaram a atuação do crime organizado na Terra Indígena Yanomami como um dos graves problemas que aflige o povo indígena, com entrada de cocaína e armas de fogo nas aldeias.
Ao pedir providências, o líder Davi Kopenawa afirmou que não se trata tão somente de uma questão policial, mas também de uma situação com viés político-eleitoral, pois existiriam fortes suspeitas de envolvimento de autoridades políticas detentoras de mandato com o garimpo ilegal, tráfico de drogas e outras atividades ilícitas, inclusive com apuração pela Polícia Federal e prisão de parentes desses mandatários, conforme publicou a revista VEJA.
O que foi denunciado por Kopenawa trata-se do mesmo assunto que foi comentado nas redes sociais pelo coronel da reserva Edison Prola, ex-comandante da Polícia Militar, motivo pelo qual ele passou a ser investigado pela Corregedoria da PM. Em outubro passado, a Polícia Federal deflagrou uma operação tendo com um dos alvos o comandante-geral da PM, coronel Miramilton Goiano.
O comandante Miramilton e o filho dele, Reniê Pugsley de Souza, que é policial penal, são investigados sob a acusação de integrarem um grupo que venderia armas e munições ilegalmente, inclusive para o garimpo ilegal. Pai e filho inclusive realizaram visitas a um garimpeiro preso na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC), o qual integra uma facção criminosa e que está envolvido com venda de armas e munições.
Tudo está no ofício entregue ao ministro Alexandre Padilha por Davi Kopenawa, que também escreveu uma carta à ministra Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pedindo providências com relação à suposta participação de autoridades estaduais em atividades ilegais e pediu que a ministra coloque em pauta o julgamento do processo de cassação do mandato governador, o qual teve a quarta cassação confirmada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Enquanto tudo isso ocorre, assaltantes seguem cada vez mais audaciosos à luz do dia, e o crime organizado dando às ordens não mais somente a partir dos presídios, mas também do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. Não é possível que as autoridades não enxerguem nenhuma gravidade no que está ocorrendo…
*Colunista