Consequência do ‘Efeito Pizzollatti’
O anúncio do Governo do Estado de que não haverá reajuste salarial para os servidores é a confirmação de tudo aquilo que vinha sendo comentado desde o início dessa administração: a ausência completa de uma política austera para cortar gastos e sanear as contas para que se evitasse uma crise muito maior do que se previa.
Como nada nesse sentido foi feito, estamos vendo um Estado quebrado e sem condições até de repassar em dia a parte do bolo à qual os demais poderes e órgãos têm direito, o duodécimo. No meio dessa crise, estão os servidores públicos, a peça-chave de um Estado que sobrevive da chamada “economia do contracheque”.
A não concessão de reajuste salarial na data base foi somente mais um golpe no funcionalismo público que aguardava com muita expectativa um reajuste para compensar as perdas salariais acumuladas nos últimos anos. E o governo não fez nenhum esforço para evitar que se chegasse a esse nível.
Sem pensar no futuro e sem fazer o dever de casa, a saída foi recorrer à aprovação de projetos que autorizassem o governo a repactuar dívidas, o que significa apenas empurrar um problema mais para frente. E nada de uma política de cortes de gastos e enxugamento da pesada máquina que vem suportando os excessos desde a administração passada, a quem foi imputada todas as culpas.
O fato é que chegamos ao fim da trilha, e a desculpa usada pelo governo é condicionar um reajuste salarial ao aumento dos repasses do Fundo de Participação do Estado (FPE), o que não vai acontecer tão cedo diante de todos os números e prognóstico que vêm sendo feito desde o início do ano.
Esse argumento para não conceder reajuste assemelha-se à desculpa usada pelos pais quando vão ao supermercado com o filho pequeno: “Quando voltar, eu compro”. O fato é que só chegamos até aqui não porque houve queda no FPE, mas porque nada foi feito nos últimos anos para se precaver dos cortes no volume dos repasses constitucionais.
Esse é o que podemos chamar “efeito Pizzollatti”, para dar apenas um exemplo de falta de vontade política para promover uma reforma séria, para cortar os penduricalhos e o fisiologismo. Como sempre ocorre, quem paga a conta no final sempre é o funcionalismo público, principalmente os concursados.
Afinal, cargos comissionados há muito tempo são usados como “moeda de troca” para conquistar aliados ou saciar a fome de quem já está lá. E foi isso o que ocorreu nos últimos acordos a fim de aumentar a base aliada. Que ninguém se iluda com o que virá, pois o tempo dessa administração já está chegando ao fim para se fazer algo diferente.
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