Nunca saberemos viver a vida, enquanto não aprendermos a ver as outras pessoas como iguais a nós. Mas, o mais importante é que saibamos que somos todos iguais, mas, nas diferenças. Precisamos nos preparar para não cairmos na ilusão de que somos o dono da cocada preta. Nunca confunda liberdade com libertinagem. Ontem fui cortar os cabelos. E o profissional era um cara bacana. Senti que poderia fazer o que nem sempre é aconselhável: conversar durante o trabalho. Mas confiei no cara e iniciamos um papo bem moderado e respeitoso. E ele riu à beça. Mas tudo dentro dos conformes. Nada e exageros nem falta de respeito. Depois do corte nos cabelos, que ficou bacana, cumprimentamo-nos respeitosamente.
Mas, durante o trabalho, o caso que fez o profissional rir bastante, foi o desse caroço. Quando você estiver com minha idade, vai ficar com o corpo cheio de caroços e carocinhos que chateiam pra dedéu. E por isso já avisei ao profissional para não se preocupar com os caroços. Ele foi super e mandou-me ficar calmo. Só no final do trabalho foi que resolvi falar sobre esse caroço que tenho aí há mais de cinquenta anos. Na década dos setentas estávamos nos mudando de São Paulo para o Rio de Janeiro. Enquanto nos acomodávamos no apartamento, ficamos a Salete e eu, em um hotel, em frente o Hospital do Câncer. E como o caroço era novo, resolvi passar pelo hospital para saber se ele, o caroço, seria maléfico. O médico disse para eu ficar tranquilo. O caroço nunca iria me perturbar.
Já em 2002. Em São Paulo, fui à barbearia, cortar os cabelos. E foi aí que a giripoca piou. O barbeiro era bem jovem. Percebi que ele estava mexendo muito com o caroço. Mas fiquei na minha. Até que o profissional parou e perguntou:
– Esse caroço não vai perturbar não?
Tranquilizando respondi com calma, mas, sem querer, exagerei na explicação:
– Não! Em 1970 foi ao hospital e o médico me disse que esse caroço nunca me perturbaria. Mesmo porque ele é só um pequeno depósito de um pozinho branco que não perturba.
O garotão continuou parado e finalmente falou:
– Olhe, senhor… será que não dá pra gente cortar o caroço, tirar e dividir o pozinho pra nós dois?
Fingi levar a proposta a sério e respondi:
– Não senhor… eu ainda vou ficar rico com esse pó. Mas só eu.
O jovem riu à beça e fez um bom trabalho no corte dos cabelos.
Você pode se divertir e ser feliz, fazendo as outras pessoas se sentirem bem, mas sem alarde. As brincadeiras devem ser levadas a sério. E só conseguiremos isso com respeito. Pense nisso.
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