Conteúdo versus embalagem
Nenhuma empresa, produto ou profissional se estabelece sem que seu conteúdo confirme a boa embalagem por ele apresentada
Muitas empresas continuam cometendo o grande erro de achar que o consumidor ainda aceita a prática da EMPURROTERAPIA, ou seja, passar ao cliente um produto ou serviço que representa a vontade da empresa e não a do consumidor, esquecendo que isso pode representar um atalho para o fracasso de sua organização.
Vamos abordar a importância de levarmos em consideração as necessidades e desejos do mercado, apresentando produtos e serviços de qualidade que confirmem e equilibrem o binômio ‘‘EMBALAGEM e CONTEÚDO’’.
No dinâmico mercado, onde a globalização continua a ser a palavra de ordem, aliada ao novo normal, pandemia que nunca acaba, crises políticas que levam ao desequilíbrio das bolsas; as empresas passaram a ficar cada vez mais ‘’PARECIDAS’’, vendem os mesmos produtos, usam estratégias de promoção similares, se concentram em regiões de grande fluxo, buscam os mesmos clientes e muitas vezes não conseguem dar poder de permanência as suas marcas (fraco apelo de comunicação e marketing). Podemos dizer que em alguns mercados o que era para ser regra virou exceção, é o caso do bom atendimento ou da oferta de bons produtos que representam uma regra básica de conquista e fidelização de clientes. Gostaria de deixar claro que existem algumas empresas que já adotaram o atendimento como algo fundamental no dia a dia e que traduz uma cultura de respeito com o cliente. Infelizmente, em plenos século XXI, esses casos ainda representam uma minoria.
Vocês devem estar perguntando: por que tratar desse tema, por meio de um texto voltado a forma de apresentação da ‘’EMBALAGEM VERSUS CONTEÚDO?’’ É muito simples e responderá uma série de situações do cotidiano.
Vamos pelo caminho dos exemplos que ajudarão a ilustrar o assunto: surge no mercado uma demanda por uma empresa onde todas as pesquisas orientam para o sucesso da investida. O empresário na pressa de lançar bem o seu negócio faz um bom investimento em mídia, preocupando-se em colocar seu bom comercial nos veículos de acordo com os índices de audiência e o perfil do seu público-alvo, usa as redes sociais de forma funcional e não a tratando como uma única alternativa de se comunicar com o público. Sua mensagem consegue atingir em cheio o objetivo. Seu comercial vende a imagem de uma empresa organizada, bem estruturada, que apresenta uma opção inovadora para o mercado, tudo isso faz parte de uma percepção da população que num primeiro momento idealiza uma EMBALAGEM (aspectos visuais e estéticos que estão subjetivamente contidos na mensagem publicitária). O segundo momento dessa relação de lançamento do empreendimento é a confirmação da percepção que foi sensibilizada através da mídia. Essa confirmação se dá quando o cliente vai ao empreendimento e busca localizar ou visualizar o que a mensagem publicitária passou para ele. Nesse momento o cliente passa a ser o grande observador e o melhor consultor do seu negócio, pois ele jamais aceita ter suas percepções frustradas, já que a mensagem tem o papel de antecipar suas expectativas e quando elas são frustradas ele se torna o maior propagador negativo do seu negócio. Essa frustração é comum ocorrer em alguns pontos chaves e que jamais poderiam ser permitidos, como por exemplo: uma demanda grande de pessoas deve ser atendida por uma boa quantidade de atendentes na loja, principalmente no momento de chegada da empresa ao mercado. O portfólio de produtos jamais poderá estar abaixo da expectativa gerada, ou seja, não adianta você enaltecer marcas, modelos e de repente não tê-los em suas prateleiras para atender a demanda sensibilizada. O layout e o ambiente da loja jamais poderão passar a imagem de desorganização, estar escuro, pinturas inacabadas, acabamentos malfeitos, enfim levar a imagem de algo que não foi concluído. No primeiro momento você jamais pode esquecer que vendeu a imagem de excelência e se isso não se confirmou você acaba de praticar o marketing reverso (ao invés de potencializar sua marca, seus produtos ou serviços, você agregou ao seu negócio críticas e frustrações que serão muito difíceis de reverter). Resumidamente no exemplo apresentado a embalagem (mensagem publicitária inicial) não foi validada pela visitação dos clientes ao ponto comercial (embalagem), confirmando a máxima de uma marca famosa de xampu anticaspa da década de 80, o DENOREX de que ‘’nem tudo que parece é’’.
E na vida profissional isso tem validade? Claro que sim. Todos nós, como profissionais, temos que nos considerar um produto completo, que seja reconhecido pela excelência em tudo que faz, que seu nome seja sua grande marca e seu maior patrimônio dentro do mercado.
Alguns profissionais adotam a filosofia do ‘’faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço’’. Essa prática é um pacto de risco e contradição profissional. O empresário busca o serviço de um profissional especializado, por não sabe executar a tarefa que ele precisa. Por esse motivo é importante que a ‘’VERDADE’’ prevaleça sempre nas relações empresariais, pois delas dependerá a sua permanência ou não no mercado. Vamos a mais um exemplo: abordaremos a área de consultoria – uma das áreas que mais cresce no Brasil – e avaliaremos sua complexidade, mas também sua importância no sucesso e fracasso das organizações.
Uma determinada empresa contrata os serviços de uma empresa de consultoria para a elaboração de um diagnóstico estratégico e para tal solicita uma proposta detalhada do que contempla o orçamento previamente apresentado. Normalmente a proposta vem recheada de termos técnicos do mundo da consultoria e que o empresário, muitas vezes, não se dá ao trabalho de questionar já que, a linguagem difícil – teoricamente – é uma prerrogativa das pessoas que detêm conhecimento teórico e prático. Nesse momento surge o primeiro sinal de confiança do empresário para com a empresa contratada. A crença de que o que está na proposta técnica e no orçamento será executada em sua totalidade faz com que o cliente baixe sua guarda e comece a mostrar os detalhes do seu empreendimento. Durante o processo de coleta de dados a consultoria terá acesso a informações altamente confidenciais e de alta complexidade de análise. Ao final dessa coleta teremos o que é chamado de Diagnóstico Estratégico (Levantamento, análise, problemáticas, prognósticos, plano de ação, recomendações e conclusões) que é apresentado seguindo a mesma linguagem da proposta o que torna a apresentação ao empresário uma etapa fundamental. Mas é nessa hora que o empresário descobre que contratou ‘’enciclopédias’’ e que o consultor responsável não vive na prática o que foi escrito, ou seja, você recebeu um belíssimo relatório (embalagem) mas seu conteúdo não é confiável em função da não confirmação por parte do profissional ou empresa contratado no momento da necessidade de aprofundamento dos dados contidos no diagnóstico. É importante destacar que o empresário ao criar essa relação de confiança com os profissionais ou empresas de consultoria, abre uma nova fase na relação. Normalmente pedirá a empresa ou profissional contratado a execução do prognóstico e aí pode se evidenciar a falta de experiência que colocará a relação em risco e descredibili
zará a área por excesso de embalagem e ausência de conteúdo.
Uma empresa ou um profissional só terá sucesso se o CONTEÚDO confirmar sua EMBALAGEM.
Por: Weber Negreiros