Em 2024, Roraima enfrenta uma crise devastadora na pecuária. Primeiro, tivemos um final de verão, nosso período seco, muito mais intenso do que o normal, registrando níveis próximos aos piores já catalogados. Em seguida, um intenso ataque de lagartas se espalhou por vários municípios, agravando a crise de alimentação para os bovinos. A crença de que o ciclo da lagarta seria interrompido com a chegada das chuvas, aliada a combates ineficazes e à falta de manejo dos pastos, resultou em prejuízos financeiros severos para pecuaristas de todos os portes.
Relatos indicam mais de 10.000 animais mortos e uma perda incalculável de peso em milhares de outros. O que fazer diante de um cenário desses? As perguntas são muitas, mas todas têm respostas claras e funcionais que requerem estudos e boas práticas.
Imagine um grupo de pecuaristas visitando diversas propriedades no estado. Eles veriam fazendas totalmente devastadas e outras com diferentes níveis de ataque: pastagens 100% atacadas, 50%, 30% e até áreas não atacadas dentro da mesma propriedade. O que isso significa?
Significa que é preciso um manejo correto do solo, garantindo solos profundos e bem drenados, sem compactação, além de corrigir a acidez do solo para uma boa capacidade de troca catiônica (CTC). Isso permite que os nutrientes sejam disponibilizados para as plantas, o que é crucial para o sucesso da operação. Além disso, no combate a pragas específicas, é preciso conhecer suas metodologias de ação, ciclos e o momento correto e mais eficaz de combate. Por exemplo, os inseticidas podem ser classificados de acordo com seu modo de ação: contato, ingestão, sistêmicos, entre outros. Esse conhecimento é essencial na tomada de decisão no combate a praga. Saber qual inseticida aplicar, qual tipo de pulverizador, qual bico deverá ser utilizado, o horário da aplicação. O pecuarista que decidir permanecer na atividade deverá conhecer e enfrentar toda essa peleja.
Por Roraima ter crescido muito em rebanho e área plantada nos últimos anos, isso traz desafios como a preparação de alimentação para os animais em épocas de baixa oferta. Exemplos incluem a produção de feno, silagem e rotação de culturas para garantir alimentação o ano todo.
O desafio é grande, mas a atividade pecuária é vital para a economia estadual. Com mercados internacionais se abrindo, a assistência técnica do Governo do Estado de Roraima deve ser capacitada para auxiliar os pequenos e médios pecuaristas, promovendo políticas racionais e de qualidade. Todos precisam entender a importância de cuidar bem do solo e das plantas para garantir a engorda dos animais. Sem isso, não adianta ter excelente genética animal, pois não haverá animal.
Gustavo Menezes Domingues