Cuca e bicho-papãoO brasileiro precisa superar algumas armadilhas dessa chamada pós-verdade que estão infestadas nas redes sociais e transformadas inclusive em artigos que se passam como sérios na imprensa brasileira. Um deles é o discurso de que existiria um movimento para implantar o socialismo e/ou o comunismo no Brasil.
Argumentar a existência de um movimento nesse sentido é o mesmo que tentar assustar as crianças de hoje com o bicho-papão ou dizer que “a Cuca vai pegar”. O próprio Partido dos Trabalhadores, o PT, o qual os alarmistas chamam de “comunista”, teve um governo que mais entregou os cofres públicos para o capitalismo, escancarando as portas para os grandes banqueiros.
O que as pessoas precisam perceber é que passou a existir um movimento nas redes sociais que apela para as emoções e crenças pessoais a fim de disseminar falsas ideias e até confundir as pessoas, que passam a dar menos importâncias aos fatos objetivos, deixando-se influenciar facilmente sem buscar a realidade dos fatos.
Esse é o movimento que ficou conhecido como “pós-verdade”, cuja palavra foi inclusive adicionada ao dicionário Oxford, embora esse termo fosse antigo. Porém, ele ganhou destaque a partir de quando as pessoas passaram a ter o poder de compartilhar e a comodidade de se informar por meio das redes sociais, deixando-se influenciar pelas emoções (torcendo por candidatos ou partidos como se fosse um time de futebol), pré-conceitos e crenças pessoais.
As pessoas passam a acreditar e a compartilhar falsas notícias a ponto de uma mentira se tornar “verdade” em questão de minutos. Um levantamento feito pela da BBC, com o Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas de Acesso à Informação, da Universidade de São Paulo (USP), apontou que, em abril de 2016, na semana do impeachment de Dilma Rousseff, três das cinco notícias mais compartilhadas no Facebook sobre o tema eram falsas.
Dentre os fartos casos de mentiras que tentam se passar como verdade está esse de uma suposta ameaça de se implantar o comunismo no Brasil. Acreditar nisso é ficar cego para se discutir a política brasileira dentro da sobriedade que tanto necessitamos nesse momento crítico. É um argumento tão falacioso quanto os corruptos usam atualmente para tentar frear a Operação Lava Jato.