Roraima apresentou uma queda marcante no Ranking de Competitividade dos Estados em 2023, saindo da desconfortável 22ª colocação para a 25ª posição na última edição, ficando entre os três últimos, junto com Acre e Amapá. Esse ranking divulgado pelo Centro de Liderança Pública (CLP) é uma ferramenta que busca pautar a atuação dos líderes públicos brasileiros na melhoria da competitividade dos seus estados, a partir da análise do conjunto de 10 pilares, fornecendo uma visão sistêmica da gestão pública estadual.
A estatística mostra que a capacidade dos estados brasileiros de produzir riqueza e se desenvolver economicamente varia bastante de acordo com diversos fatores, a exemplo de infraestrutura, sustentabilidade, segurança pública, educação, solidez fiscal, eficiência da máquina pública, capital humano, potencial de mercado e inovação. E os dados revelam que as políticas públicas roraimenses não vêm sendo cumpridas como dever de casa, daí os números negativos surgirem.
Conforme os dados, a queda de Roraima para a antepenúltima colocação foi em virtude da relativa piora nos pilares de Solidez Fiscal (-10 posições), Capital Humano (-8), Sustentabilidade Ambiental e Infraestrutura (-5 cada). Os dados são reflexo de uma série de fatores e políticas implementadas ou não pelo Estado. O único índice positivo foi referente à melhora no pilar de Segurança Pública (+3 posições).
Outro dado que ainda pode ser considerado positivo é que Roraima, a menor economia estadual do País, embora na última colocação no indicador de Tamanho de Mercado, ocupa a 3ª posição no pilar, graças ao bom desempenho nos indicadores de Taxa de Crescimento, Crescimento Potencial da Força de Trabalho e Qualidade de Crédito para Pessoa Física. No entanto, não foi tão positivo assim, pois Roraima caiu da 2ª para 3ª posição em relação ao ano anterior.
Com relação aos indicadores de Educação, o ranking coloca Roraima no 26º lugar quando se trata de Educação, ficando na penúltima colocação, no meio dos três piores estados, o Pará (25º) e Amapá (27º). No pilar Educação, foram contemplados indicadores de taxa de frequência líquida e qualidade nos ensinos fundamental e médio, além do Índice de Oportunidades da Educação Brasileira (IOEB).
Além de indicadores que medem a qualidade da educação e de universalização do atendimento, este pilar também inclui o indicador de “avaliação da educação”, premiando os estados que possuem um programa estadual de avaliação da educação básica. Este indicador melhora a posição dos estados que possuem uma avaliação estadual e que o façam de forma frequente.
Somada as graves deficiências na Educação do País, juntamente com a crônica deficiência de Infraestrutura, esses dois pilares estão entre os principais desafios para a melhora da competitividade não só em Roraima, mas em nível nacional, minando tanto o potencial de desenvolvimento econômico quanto social. “Há um amplo conjunto de medidas que precisam ser tomadas para reverter a situação e que vão muito além da melhora da qualificação e remuneração dos docentes, sendo que a melhoria da gestão das unidades educacionais deveria estar no centro das prioridades”, avalia o relatório.
Tem mais um detalhe importante e ao mesmo tempo negativo: no ranking anterior do ano de 2022, o Estado de Roraima era o 4º colocado na região Norte, porém caiu para 5º na estatística atual de 2023. Logo, o mal desempenho de Roraima na maioria dos pilares do Ranking divulgado este ano acaba servindo de panorama a respeito das deficiências e dos desafios a serem vencidos para que o Estado se desenvolva.
Importante destacar que o Ranking trata-se de um sistema de avaliação da administração pública, dando ferramentas para a população poder avaliar a gestão do seu Estado, além de se tornar um sistema de incentivo para os líderes públicos, estimulando os estados e os líderes públicos a buscarem inovações e melhorias nos pilares e indicadores avaliados. Além de auxiliar empresas e empreendedores a destinarem seus investimentos para as localidades mais adequadas.
O discurso de que o Estado de Roraima está em franco desenvolvimento nos últimos anos não se sustenta à luz dos números. Só o fato de muitos apontarem o garimpo ilegal, que é altamente degradante e agregador de crimes, como fator de desenvolvimento já seria o suficiente para justificar Roraima estar lá atrás, na rabeira do desenvolvimento almejado por todos e sempre na fala dos políticos. Mas a verdade é que ainda estamos dependentes da “economia do contracheque” e sendo salvos pela “política do pires na mão” em busca de recursos federais em Brasília. O resto é só sonho e… discurso.
*Colunista