DARCY ALEIXO DERENUSSON Engenheiro responsável pelo Plano Urbanístico de Boa Vista em forma de leque
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O Dr. Antônio Constantino Nery, Governador do Estado do Amazonas, determinou ao engenheiro Alfredo Ernesto Jacques Ourique que fizesse uma viagem de reconhecimento pela região do vale do rio Branco, e providenciasse um relatório das necessidades do povo e de suas comunidades para que se pudesse promover o progresso da região. O ano era 1906.
Passados 37 anos, o Presidente Getúlio Vargas criou no dia 13 de setembro de 1943 o Território Federal do Rio Branco, e enviou como primeiro Governador o capitão Ene Garcez dos Reis. Durante sua administração foi realizada uma concorrência de projetos para a implantação de um Plano Urbanístico para Boa Vista. O concurso foi vencido em 21 de setembro de 1944 pela empresa “Riobras Industrial Ltda” do engenheiro civil Darcy Aleixo Derenusson.
Com apoio do Prefeito Mário Homem de Melo (1º Prefeito do Território), Darcy Derenusson fez o levantamento da área da futura capital do Território do Rio Branco. Realizou o cadastro completo dos prédios (e casas) existentes na cidade, e com estes elementos traçou o plano diretor e projetou Boa Vista. O planejamento da cidade ganhou a forma de um leque, com a implantação de avenidas radiais iniciadas na ampla praça circular do Centro Cívico, cortado por ruas circulares.
Essa operação urbanística estendeu-se por toda a década de 1950 e dividiu a cidade em 05 Bairros: Centro (incluindo a Praça da Bandeira), Porto da Olaria (Beiral e Calungá), Rói-Couro (hoje o Bairro São Pedro), Caxangá (área do igarapé na Rua Professor Diomedes, atrás do Quartel do Comando de Polícia Militar da Capital-CPC) e IPASE (conjunto habitacional atrás do prédio Latife Salomão, entre as Avenidas Glaycon de Paiva e Mário Homem de Melo).
De 1944 a 1951, Darcy Derenusson, dirigiu e coordenou uma equipe composta por Murilo Teixeira Cidade, José Amador – o Batom, Hélio Pinheiro, André Nery, Lourival Coimbra, Walter Bastos de Melo, entre outros. Neste período, passaram pelo Governo: Ene Garcez dos Reis (1944/45); Felix Valois de Araujo (1946/48); Clóvis Nova da Costa (1948/49); e Miguel Ximenes de Melo (de 1949 a julho de 1951).
Darcy Derenusson, com sua equipe, realizou obras de infraestrutura: esgotos sanitários, esgotos pluviais, abastecimento d’água, energia elétrica com sua rede distribuidora e a confecção em 1946 do primeiro Código de Obras (Postura) de Boa Vista.
Também foram realizadas as seguintes obras: cais de atracação às margens do rio Branco; meios-fios, sarjetas e arruamento da Rua Floriano Peixoto (a que passa em frente à Escola São José); construção de 10 escolas rurais com sala de aula e residências para professores; construção do matadouro modelo e construção da Praça de Esportes Capitão Clovis, constando de arquibancada com vestiário e instalações sanitárias, quadra de tênis, quadra de vôlei, basquete, e parquinho para crianças; além da construção do Hotel Boa Vista (hoje o Aipana Hotel).
Darcy Derenusson retornou para o Rio de Janeiro, em 1951. E, em 1979, fundou a Associação Brasileira de Engenheiros Civis (ABENC), sendo registrado no CREA-RJ sob nº 3142/D.
Em 1984, a Câmara Municipal de Boa Vista concedeu ao engenheiro Darcy Aleixo Derenusson o Título de “Cidadão Boa-Vistense”, conforme Decreto Legislativo de nº 136, de 24 de setembro de 1984, por iniciativa do vereador, à época, Reinaldo Fernandes Neves Filho. O Título foi enviado para o Darcy Derenusson, que residia no Rio de Janeiro.
Darcy Derenusson nasceu no Rio de Janeiro no dia 01/08/1916 e faleceu no dia 17/05/2002. Darcy nos legou uma cidade que é uma verdadeira Joia do Norte do Brasil.
No dia 04 de julho de 2011, a Câmara Municipal de Boa Vista aprovou um Projeto de Lei redenominando a antiga Rua Nascente, no Conjunto Cruviana, no Bairro Equatorial, para: “Rua Engº. (*Engenheiro) Darcy Aleixo Derenusson”. O Projeto foi sancionado pela Prefeitura como Lei nº. 1.358, de 08/09/2011, e publicada no Diário Oficial do Município de Boa Vista, sob nº 3024, datado de 13/09/2011.
No dia 05 de julho de 2011, a Câmara Municipal de Boa Vista também concedeu o Título de Cidadão Boa-Vistense, ao filho de Darcy, o senhor Darcy Romero Derenusson, conforme Decreto Legislativo de nº 518, de 05/07/2011.
No dia 29/11/2016, a Universidade Federal de Roraima-UFRR e os Correios, lançaram o Selo e o Carimbo comemorativo do centenário do engenheiro civil Darcy Aleixo Derenusson, responsável pelo Plano Urbanístico Radial de Boa Vista (com as principais avenidas convergindo para o Centro Cívico, onde estão a Assembleia Legislativa, o Tribunal de Justiça e o Palácio do Governo).
E, para finalizar, vem à pergunta: “Quando o engenheiro Darcy Derenusson elaborou o Projeto do Traçado Geométrico do Centro de Boa Vista em 1944, em que ele se inspirou? De onde ele copiou e usou como modelo”? Dizia-se que ele havia se inspirado no traçado urbanístico de Paris/França. Outros opinavam que era o modelo de Belo Horizonte – capital de Minas Gerais-, entre outras opiniões.
A resposta foi dada pelo próprio filho do Darcy Derenusson, o também engenheiro/arquiteto Romero Derenusson: “À época, a engenharia de construção se baseava no conceito de “cidades planejadas”, visando facilitar o deslocamento urbano e a distribuição do saneamento e da eletricidade. A inspiração, à época, era novidade, apesar de Boa Vista ter sido apenas a terceira capital projetada do Brasil, depois de Belo Horizonte, em Minas Gerais; e Goiânia, em Goiás. Naquela época, tinham arquitetos que faziam esse desenho, então era baseado no conceito de cidade-jardim, que não é Paris (capital da França)”, frisou.
O Projeto urbanístico de Boa Vista foi inspirado no Plano Urbanístico de Goiânia, Capital do Estado de Goiás. Até os Centros são semelhantes. Em Goiânia, o centro é chamado de “Praça Cívica” e, em Boa Vista, o centro é chamado de “Centro Cívico”. As Fotos aéreas de ambas as cidades, mostram à semelhança dos seus traçados urbanísticos.
O planejamento urbanístico de Boa Vista foi feito para durar 25 anos e após isso, novos projetos deveriam ser propostos, o que nunca ocorreu. Contudo, a cidade teve um grande crescimento populacional repentino o que motivou o surgimento de novos bairros – com ruas em transversais-, diferentes do plano original.
Ainda assim, o Centro Cívico permanece o mesmo com as ruas saindo em radiais, como um leque.