Jessé Souza

De agua ao cabide 28 02 2015 675

De água ao cabide – Jessé Souza* A crise pela falta de água no Sudeste do Brasil nos remeteu a fazer reflexões sobre o abastecimento de água e a necessidade de se cobrar uma política séria voltada para a preservação de nossos mananciais em conjunto com uma ação de fortalecimento e saneamento da estatal responsável pelo setor, a Companhia de Água e Esgoto de Roraima (Caer). É sabido por quem acompanha a política no Estado que aquela empresa tem servido para interesses escusos, nos diversos governos que já passaram, funcionando principalmente como um imenso cabide de emprego, colocando em risco um serviço essencial para o bem-estar coletivo.  Daqui deste espaço, sempre eu vinha alertando para o sucateamento daquela companhia, o que podia ser visto (e sentido) com o lançamento de dejetos em igarapés que deságuam no Rio Branco, nosso principal manancial de água potável, além de fonte de lazer e sobrevivência para a população de vários municípios, de Boa Vista a Caracaraí. Também houve um momento crítico no setor de tratamento e abastecimento de água, problemas negados veementemente pelos gestores passados, a ponto de ter existido inclusive uma “cartilha” para tentar amarrar a imprensa que insistisse em monitorar os problemas e fazer denúncias. Com a nova gestão, já foi possível sentir uma melhora nos serviços daquela estatal, principalmente no que diz respeito à transparência das ações e no trato com a imprensa, o que mostra interesse de uma administração que não faça o jogo de se esconder e ocultar fatos importantes para o monitoramento deste setor pela sociedade. Como presta um serviço essencial e atua em um setor que se mostra delicado neste momento de crise de abastecimento de água nos grandes centros urbanos brasileiros e de forte estiagem em Roraima, então é necessário que a Caer se permita ser monitorada pela sociedade, pois a transparência é o principal passo para se melhorar qualquer gestão. Não existe mais cabimento para a estatal que lida com o “precioso líquido” ficar agindo de forma escusa e, de quebra, elegendo a imprensa como inimiga, como vinha ocorrendo em um passado bem recente. O momento exige que seja pensada uma política séria para planejar o futuro de nossos mananciais e a qualidade do sistema de abastecimento de água e coleta de esgoto em todo o Estado. Ou encaramos esse desafio agora, ou pagaremos um preço bem caro em um futuro bem próximo no que diz respeito ao abastecimento de água. Não existe mais desculpa para não eleger a água como prioridade para Roraima. Porque ter água de qualidade significa pensar o meio ambiente como um todo, um conjunto. E a Caer tem uma missão importante que é não permitir que a população de Roraima enfrente qualquer risco a exemplo do que vem ocorrendo em outros estados que trataram com descaso este setor. *Jornalista [email protected]