De carona na medalhaA Olímpiada do Rio de Janeiro foi muito usada por políticos locais que pegaram carona na participação do jogador de futebol roraimense que conseguiu, por seus méritos, uma vaga na Seleção masculina e saiu de lá com uma medalhada de ouro no peito. É comum os políticos se escorarem nos valores locais que ganham destaque em nível nacional como forma de marketing positivo.
Porém, o que chama a atenção nesse fato é que o atleta roraimense, Thiago Maia, e tantos outros anônimos só conseguem alcançar os grandes centros de excelência por seus próprios esforços, com sacrifícios de familiares e amigos, os quais muitas vezes se sujeitam a pedir esmola nos semáforos ou fazer bingos e rifas beneficentes, dividindo freguesia com famílias desesperadas em busca de tratamento médico fora do Estado.
No mesmo dia em que a chama olímpica passava por Boa Vista, havia atletas (acho que de judô) nos semáforos da cidade pedindo ajuda para poderem comprar passagem a fim de representar o Estado em competições nacionais.
Essa cena ocorre constantemente porque as portas dos governos e dos gabinetes dos políticos ficam fechadas quando os atletas buscam apoio, geralmente passagens áreas ou de ônibus para que possam viajar. Quem não tem influência ou paciência nem tempo para se submeter ao serviço de “pedintes de gabinetes” acaba indo parar nos semáforos ou fazem feijoadas, ou ainda se desfazem de bens para investir nos filhos promissores.
Os atletas de Jiu-Jitsu, por exemplo, também comem o pão que o diabo amassou para chegaram ao cenário nacional. Um deles vendeu carro e terreno para poder se mudar para São Paulo em busca de apoio. Outro teve que competir por Manaus (AM) porque lá conseguiu apoio e abrigo.
Um dos melhores desse esporte foi embora para São Paulo porque aqui não conseguiu nada. Lá eles conseguem quem os acolha e invista em seus talentos e esforços. Por aqui, são tratados como intrusos ou pedintes quando vão em busca de ajuda.
Lá na frente, da mesma forma como ocorreu com Felipe Maia, quando esses atletas conseguem evidência na mídia nacional, então surgem políticos usando suas imagens nas redes sociais e governos querendo que eles digam que são de Roraima, como se tivessem sido abraços com ajuda e esperança no Estado onde moram e nasceram.
É vergonhoso políticos usarem as imagens dos atletas que conseguiram vencer por seus próprios esforços e com sacrifício da família, enquanto outros estão nos semáforos pedindo esmola ou vendendo seus bens para irem embora em busca de apoio e patrocínio em outros estados. Muito vergonhoso!
*JornalistaAcesse: www.roraimadefato.com/main