De Nicolás a um milagre dos céus
O Estado de Roraima vive sobre seguidas desculpas esfarrapadas para cada ocasião. Esse atual governo administrou por mais de um ano jogando todas as culpas na administração anterior. Não que o governo anterior não tenha toda essa culpa; tem sim, mas até hoje os desmandos são jogados para debaixo do tapete e, vez por outra, ainda joga-se a responsabilidade para a administração anterior.
O mandato está chegando ao fim, mas nunca se cumpriu a promessa de fazer uma auditoria nas contas e ações do governo para dar nome aos bois e mostrar o tamanho do buraco. O eleitor deu o seu aval nas urnas por acreditar que tudo seria diferente e que seria feita uma faxina nos rombos que foram deixados.
Nesse meio tempo, quando não cabia mais apontar a culpa para o governo anterior, surgiu a crise migratória na Venezuela, quando uma massa de gente fugindo da fome e da miséria no país vizinho aportou no Estado, piorando aquilo que já estava ruim por falta de um governo que consertasse os problemas que se arrastam de longos tempos passados.
Agora a culpa é jogada na onda migratória venezuelana. Tudo que os administradores não conseguiram consertar é creditada na conta de Nicolás Maduro e do seu povo desesperado que se amontoam nos hospitais, na maternidade, nas delegacias, nos semáforos, nos abrigos e na rodoviária. A culpa do governo anterior se somou à culpa dos venezuelanos.
Nesse meio tempo, os grandes problemas ficaram estacionados à espera de solução, a exemplo das questões energética e fundiária, do Zoneamento Econômico e Ecológica (ZEE), da segurança pública, da saúde, da educação e outros setores a exemplo do único matadouro público que definha a ponto de ser preciso fechá-lo.
Como não é mais coerente jogar toda culpa em governos anteriores, os venezuelanos vieram bem a calhar, pois eles desviam a atenção da sociedade com seus cartazes feitos de papelão em cada semáforo da cidade ou mulheres com crianças de colo na porta de bancos, restaurantes e lotéricas; ou ainda a fila da prostituição no bairro Caimbé.
Da outra ponta, está a crise política que vem de Brasília, com um presidente atolado em corrupção e um governo refém dos corruptos e sem rumo, a quem pode-se também atribuir parte da culpa pelo Estado de Roraima não avançar. Enfim, temos um cenário perfeito para se criar desculpas e justificar o porquê de ficarmos estacionados, esperando um milagre vindo dos céus, já que da terra e dessa atual administração é impossível.
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