
Enquanto a imprensa tem registrado com certa frequência cenas da criminalidade, mortes no trânsito e apreensões de droga, não se vê ninguém se mobilizando para efetivar políticas públicas para enfrentar os grandes problemas em Roraima, principalmente no que diz respeito à implementação de políticas públicas para reduzir as desigualdades sociais, que é uma das bases para garantir bem-estar para a sociedade.
Ao contrário disso, o que se vê é um forte movimento de implementação da política do “pão e circo” pelos governos locais em prejuízo a efetivação de políticas públicas. De uma ponta, prefeituras do interior investem em festas públicas que custam caro para os cofres públicos, enquanto a população sofre com problemas crônicos na infraestrutura, saúde e educação.
De outra, o governo estadual distribui cestas básicas e se prepara para dar mais pão, por meio da distribuição de peixe para a população na Semana Santa, além da efetivação da política do circo por meio de festejos: o Ministério do Turismo vai destinar R$22 milhões para o governo realizar a Exposição Feira Agropecuária (Expoferr, que terá R$9,6 milhões), Arraial de São João no Parque Anauá (R$8 milhões) e o Réveillon (R$4 milhões).
Enquanto isso, mais escândalos que estão sendo explicitados por meio da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Terras, que investiga fortíssimos indícios de grilagem de terra envolvendo altas autoridades, CPI do desvio de recursos em São Luiz do Anauá, município campeão de emendas parlamentares, além de outros esquemas que pipocaram ao longo dos anos do atual governo.
De outro modo, os governos locais anestesiam a população com pão e circo e deixam de investir em programas que possam reduzir a desigualdade social, a exemplo de capacitação profissional para jovens, além de incentivos fiscais para que empresas possam contratar jovens e idosos em situação de vulnerabilidade social. Afinal, oportunidade no mercado de trabalho ajuda a combater a desigualdade social, a qual também é um dos geradores de violência.
Nem existe também uma política que não apenas combata o crime em andamento, mas que previna que pessoas sejam cooptadas para o mundo do crime, uma vez que colocar mais viaturas nas ruas não significa combater as raízes dos problemas. Sequer a população é convidada a ser parceira para que possa se sentir segura para denunciar crimes e discutir soluções para a segurança coletiva.
Enfim, não se vislumbra uma saída para o que o Estado vivencia neste momento de criminalidade crescente, violência no trânsito e crime organizado. A única política efetiva colocada em prática pelos governos locais é a do pão e circo, com todos na fila do peixe e da cesta básica ou na frente dos palcos de festejos turbinados com fartos recursos públicos. E só!
*Colunista