AFONSO RODRIGUES

De quem é o dever?

“Não é função de nosso governo, impedir que o cidadão caia em um erro; é função do cidadão impedir que o governo caia em erro”. (Robert H. Jackson)

Não era o assunto que eu pretendia conversar, hoje, mas caí na tolice de ligar o televisor, enquanto esperava o pessoal chegar para o café da tarde. E foi aí que a jiripoca piou. Já está ficando insuportável, críticas exageradas e de certa forma, na maioria, indiscutíveis. Em vez de ficarmos protestando, gritando, xingando com malcriações nauseantes, por que não procuramos o caminho da educação para sermos mais comedidos nos arrufos? Na verdade, ainda não somos realmente cidadãos brasileiros. Ainda temos que nos educar bastante para podermos exercer deveres de cidadãos, sobretudo na política. Ainda vemos grandes políticos e mestres em todos os poderes da Nação, irem à televisão como defensores da democracia. Mas não vemos nem ouvimos, nenhum deles nos prometer uma educação democrática, para que possamos ser realmente cidadãos da democracia.

Na democracia não há obrigação, mas dever. Todo cidadão foi educado para o dever de cidadão. Que é quando ele se sente, porque se sabe, responsável pela qualidade dos políticos que elege. E só podemos ser responsáveis quando formos educados politicamente, para saber que na democracia não há obrigatoriedade de voto; que o voto é facultativo e no obrigatório. E enquanto formos obrigados a eleger políticos que não são políticos, continuaremos a ser enganados por nossa ignorância política. Só deveremos ser responsabilizados pelos maus políticos, quando formos orientados na caminhada da democracia. Porque esta é imbatível. E talvez por isso, os maus políticos não tenham interesse de nos educar para sermos realmente cidadãos.

Vamos sair desse balaio de ilusão e procurar, cada um de nós, o caminho certo para nossa educação política, para que possamos, no futuro, ver nossos filhos se orgulharem de serem cidadãos brasileiros. Nosso destino é dever de cada um de nós. E nunca construiremos um destino democrático e racional, com briguinhas comadrescas, na ilusão de que estamos defendendo e construindo uma democracia. Vamos nos conscientizarmos de que nunca seremos cidadãos enquanto não tivermos uma democracia de fato e de direito. E ela só será construída com uma educação cidadã. Vamos nos preparar para as novas eleições de quando estivermos preparados para a democracia. E só estaremos, quando conscientes do nosso valor como filhos de uma Pátria que sofre com uma educação ainda nos passos anacrônicos. Vamos nos valorizar no que somos, caminhando para uma democracia. Pense nisso.

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