Máquinas começaram a fazer a raspagem do trecho norte da BR-174, entre Boa Vista e a ponte sobre o Rio Uraricoera, aliviando o sofrimento principalmente de turistas que se dirigem para a Serra do Tepequém, no Município de Amajari, e para o Monte Roraima, cujo acesso à subida é pela Venezuela, na divisa com o Município de Pacaraima. A expectativa é que seja, de fato, o início da restauração da rodovia federal.
Foram anos de atraso sem sequer fazer o básico, que era passar a lâmina do trator para aliviar a buraqueira, depois que a empresa abandonou a obra de recuperação da principal rodovia roraimense. Tal serviço paliativo, tão óbvio e tão simples, não foi feito nos quase cinco anos de total abandono, com o aparecimento de crateras imensas.
A situação chegou a um nível crítico a ponto de um grupo de quatro venezuelanos ter decidido ganhar dinheiro tapando buracos na estrada com piçarra, em troca de doações de alimentos ou de dinheiro por condutores de veículos que transitam por lá. Foi uma oportunidade de ganhar dinheiro se aproveitando da ausência do poder público.
Em outra frente, o serviço de tapa-buraco da RR-203, rodovia estadual que atravessa todo o Amajari e que dá acesso a Tepequém, caminha a passos de jabuti, estando paralisado mais uma vez, apesar de não haver mais chuva como desculpa. Enquanto isso, devido à tanta demora para executar os serviços, os buracos em outros trechos só aumentam, principalmente nos locais onde o asfalto foi retirado para receber a operação tapa-buraco.
A situação dessas duas estradas surpreende. Lá atrás, em 2020, a desculpa para as obras não serem realizadas era o período de pandemia. Dois anos depois foi a desculpa de que as chuvas não deram trégua. Mas, neste momento, não existe mais pandemia muito menos chuvas intensas para impedir que os serviços sigam em um ritmo que possa solucionar definitivamente o tráfego das duas principais rotas turística de Roraima.
O que chama a atenção é o silêncio dos órgãos fiscalizadores, os quais ignoraram até aqui as seguidas paralisações das obras, além da má qualidade dos serviços executados até o abandono dos serviços pelas respectivas empresas, tanto na RR-203 quanto na BR-174. Não se sabe, por exemplo, os valores destinados às duas rodovias nem quanto foi pago para as empresas. A estrada de Tepequém está com o novo asfalto se deteriorando em um tempo muito rápido.
O fato é que não houve interesse político para solucionar os problemas com essas estradas importantes para o setor turístico, mesmo sendo a BR-174 a principal rodovia de Roraima. O mínimo que se pode fazer agora é passar a fiscalizar os novos recursos federais que estão sendo direcionados não só para a 174, mas também para as demais rodovias, cujos processos licitatórios estão em andamento. No mínimo, é preciso que haja transparência para que a própria opinião pública possa acompanhar a execução dessas obras de recuperaçãoque estão em curso.
*Colunista