JESSÉ SOUZA

Desdobramentos de uma campanha eleitoral em que prevaleceu o poderio econômico e político

Polícia Federal teve um papel importante no trabalho de combate a crimes eleitorais em Roraima (Foto: Divulgação)

As eleições municipais em Boa Vista encerram-se com as notícias migrando das páginas de Política para a editoria de Polícia com a repercussão das prisões de vereadores com mandato, desta vez acusados não apenas de crime eleitoral, mas também de posse de arma de fogo, munições e até mesmo ouro, como foi o caso do presidente da Câmara Municipal de Boa Vista, vereador Genilson Costa (Republicanos).

Flagrado com gramas de ouro durante busca e apreensão em sua casa, feita pela Polícia Federal, isso lhe confere mais uma acusação: a de usurpação de bens da União. Não será difícil comprovar a origem do minério, pois a PF dispõe de avançado equipamento do programa Ouro Alvo, usado no combate ao garimpo ilegal e ao comércio clandestino.

A tecnologia em poder da PF é única nas Américas, em que o material é analisando por meio de acelerador de partículas, permitindo identificar se o ouro foi extraído ilegalmente de terras indígenas. Sendo assim, logo saberemos se o minério encontrado com o vereador tem origem na Terra Yanomami ou não, em um desdobramento que conectariam suspeitas de corrupção eleitoral e garimpo ilegal, que por sua vez remete ao narcogarimpo.

Com a prisão do vereador mantida em audiência de custódia, é importante relembrar que Genilson segue investigado pela Justiça por suspeita de integrar um esquema de tráfico de drogas em Roraima, inclusive com acusação sustentada pelo Ministério Público de Roraima (MPRR) de que o vereador chegou a fazer negociações de drogas de dentro de seu gabinete parlamentar, na Câmara.

Este lamentável episódio eleitoral, que atinge em cheio o âmago do Legislativo municipal, é reforçado por outro fato não menos preocupante: a vice-presidente da Casa, vereador Juliana Garcia (PP), também chegou a ser detida sob acusação de compra de voto e, como está de licença-maternidade, acabou ganhando a liberdade sob pagamento de fiança, no valor de R$70 mil.

Aqui está o resumo do que foi a campanha eleitoral na Capital, em que a PF não mediu esforços no combate aos crimes eleitorais, mostrando seu importante papel diante do poderio econômico e político que desafia as leis e a Justiça Eleitoral. É preciso, agora, que a Justiça aja de forma célere a fim de punir aqueles que cometerem crimes para que a moralização na política não fique apenas no discurso.

*Colunista

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