Jessé Souza
Desratizar e telhado de vidro 29 04 2015 924
Desratizar e telhado de vidro – Jessé Souza* Com os últimos escândalos políticos envolvendo Roraima, do Planalto Central aos lavrados roraimenses, o que os cidadãos pagadores de impostos desejam é o Estado de Roraima ser desratizado, para que todos possam ter bem-estar social e econômico, e assim acreditemos que nossos filhos e netos terão um lugar melhor para viver. Embora os cofres públicos locais estejam aparentemente “quebrados”, como fazem questão de frisar os parlamentares e administradores públicos, chega muita grana para Roraima a partir da mãezona União. Chegou tanta grana nestes últimos anos, desde a criação do Estado, que seria impossível alguém mensurar em cifras sem fazer um grande esforço matemático. Mas não há interesse em fazer esta conta, porque os políticos não conseguirão explicar aonde foi parar toda a dinheirama. Desta forma, como seria impensável ter de volta a montanha do dinheiro desviado, o passo daqui para frente seria zerar o passado e começar tudo a partir de agora. Porém, teria que fazer primeiro a desratização, no entanto, antes disso, seria necessário o cidadão eleitor passar por uma desinfecção. Aí é que começam os problemas, uma vez que é difícil pensar na desinfecção em curto espaço de tempo, considerando que os governos são o principal gerador de emprego, fonte de assistencialismo, onipresente na vida da população, fomentador (legal ou ilegal) das maiores empresas, além de negociador e pressionador de votos por meio de todas essas ações citadas acima. Seria necessário viver em uma bolha esférica para não ser atingido por essas ações governamentais e politiqueiras de forma direta ou indireta. Até estudantes que estão concluindo seu curso superior costumam correr atrás de governos e políticos para bancar suas formaturas. A batalha não é mole, não. Quebrar o ciclo do vício da politicalha é um desafio que nem os maiores especialistas se arriscam a fazer uma projeção segura. Porém, não é impossível. E só poderá ocorrer uma transformação a partir de um comprometimento pessoal de cidadãos conscientes de seus atos e de instituições sérias que possam fugir da cooptação governamental. Afinal, o que se percebe é que a maioria das pessoas está em um jogo de interesses pessoais em prejuízo ao coletivo, na base do “meu pirão primeiro” ou “mais brasa para a minha sardinha”. Quando chega a campanha eleitoral, parece que as pessoas abrem uma exceção em seu caráter, como se fosse um período de aceitar que o errado prevaleça, desde que o “eu” seja beneficiado de alguma forma. Então, o primeiro passo para a mudança necessária é parar de ser apenas pedra e passar a ser vidro também neste contexto político em que o errado é visto como certo. Ou seja, vamos atirar pedras, mas também cuidar de nossos telhados de vidro. *Jornalista [email protected]