Diferença dos centavos (Parte I)A cada dia, mais venezuelanos chegam à Capital e ocupam os semáforos da cidade para limpar para-brisas de carro por algumas moedas ou circulam nas praças públicas pedindo dinheiro. As esquinas do bairro Caimbé estão lotadas de venezuelanas que buscam dinheiro rápido na prostituição.
Muitas pessoas, sensibilizadas com a questão humanitária, não hesitam em oferecer dinheiro. Em um dos semáforos no Centro, um venezuelano empurrando outro na cadeira de rodas pede dinheiro supostamente para “tratamento de saúde” do cadeirante, sem especificar qual. E faturam grana com isso. E o mercado da prostituição só aumenta.
Na cidade, é fácil perceber que a maioria dos picolezeiros tem origem haitiana. Quem passa no centro comercial da Avenida Jaime Brasil e arredores, como no Caxambu, logo percebe mulheres haitianas vendendo utensílios domésticos nas calçadas.
Não se vê, em Boa Vista, nenhum haitiano pedindo esmola. Eles estão ganhando centavos por cada picolé. Elas estão vendendo vasilhas de plásticos e não há nenhuma se prostituindo. Todos estão sobrevivendo com o suor de seu rosto. E também chegaram de um país arrasado, onde perderam tudo.
Não se pode comparar a quantidade de venezuelanos com o número de haitianos que migraram para cá. Porém, os venezuelanos são nossos vizinhos e têm um idioma que pode ser entendido por qualquer brasileiro de boa vontade ou de baixa escolaridade.
Os haitianos vêm de muito longe, sabe-se lá de que forma, e muitos deles falando somente seu idioma, que não tem qualquer similaridade com o português, e alguns sabendo falar apenas um dialeto da região de onde vieram.
Embora não haja ocupação para todos os imigrantes, os haitianos provam a cada dia que não precisam se submeter ao papel de pedinte para se estabeleceram. Foram procurar trabalho onde os brasileiros desempregados não querem, ganhando centavos por seus próprios méritos.
Ao contrário, muitos venezuelanos estão buscando o atalho de ganhar moedas nos semáforos simulando limpar para-brisas (Okay, uma atividade honesta), pedindo dinheiro nas praças públicas (Okay, dá quem quer), se prostituindo (também não é crime!) ou mesmo praticando furtos nos comércios (aí, sim, uma ilegalidade).
O problema é que a sociedade roraimense não pode incentivar a mendicância, simulada ou não, sob risco de ampliar um problema social, pois, se é possível ganhar dinheiro fácil, por que trabalhar, por que estudar e se inserir no mercado de trabalho? E todos já sabem: onde a malandragem chega, logo surgem outras mazelas em seguida. É preciso atenção a esta nova realidade que está sendo apresentada.*[email protected]: www.roraimadefato.com.br