Do Brasil a RoraimaNessa onda de extremismo que se está cultivando no Brasil, a partir das redes sociais, com atropelos à democracia, pela qual tanto muitos lutaram e morreram, surgem no meio da política local autoridades que não admitem o principal instrumento que alimenta o sistema democrático: a crítica aos governos e àqueles revestidos pelo mandato popular.
Antes da popularização da internet, o poder da crítica estava unicamente nas mãos da mídia, em especial dos veículos de comunicação tradicionais. Mas, com o surgimento das redes sociais, esse poder agora está, também e com muita força, nas mãos de qualquer cidadão que tenha acesso à grande rede mundial.
Esse empoderamento conquistado pelo cidadão comum, quando bem usado, pode mobilizar a opinião pública e contribuir com o monitoramento do poder, que é a essência da democracia e papel do bom jornalismo – jornal que não monitora o poder não pratica jornalismo.
Dentro dessa realidade de oxigenação da democracia, existem autoridades que não conseguiram – ou fazem questão de não conseguir – aceitar o jogo democrático, tomando para si, como se fosse algo pessoal, as críticas que partem da mídia ou do cidadão comum, por meio da internet, ou daqueles que buscam nos jornais tradicionais a denúncia como forma de cobrar a melhoria na prestação de serviço público.
Despreparado para conduzir a máquina pública e cuidar do bem público, esse tipo de autoridade contribui para alimentar essa turba extremista que se formou nas redes sociais, atacando os que exercem o papel da crítica ou que denunciam aquilo que não funciona no serviço público.
E assim surgiram os “milicianos virtuais”, pessoas pagas com dinheiro público para atacar de forma covarde e veemente, por trás de perfis fakes (falsos), aqueles que fazem críticas ou fazem denúncias. São esses milicianos que agem de forma sombria na internet, atropelando a democracia e fazendo com que as pessoas sintam-se coagidas a não opinarem, a não exercerem o papel da crítica e principalmente a não denunciarem aquilo que não funciona no serviço público, em qualquer esfera dos poderes constituídos.
O que as autoridades precisam entender, e o público cobrar, é que ser político não significa um cargo acima de qualquer crítica ou do monitoramento. Estar revestido de um mandato ou de um cargo público não significa uma autoridade intocável, e sim um funcionário público que deve satisfação à opinião pública e, enquanto autoridade, passível de ser monitorado em suas ações.
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