Jessé Souza
Do presidio ao placebo policial 28 10 2014 210
Jessé Souza* Embora tenha sido sempre negligenciado pelo Governo do Estado, o sistema prisional é um dos setores estratégicos para se combater o avanço da violência no Estado. Porém, não há nenhuma ação organizada por parte do governo para mudar esta depreciável realidade vivida especialmente pela Penitenciária Agrícola de Monte Cristo. As autoridades têm tentado combater o crime organizado e colocar em prática ações para conter as fugas. Porém, o Estado não deu a contrapartida necessária para que as ações funcionem de forma organizada, ou seja, não organizaram a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo para que este presídio cumpra o que diz a lei. Na verdade, a Penitenciária havia se tornado uma favela, com construções precárias de madeira que serviam para abrigar presos que não cabem mais nas demais alas daquela unidade, tomada pela superlotação e pela precariedade da estrutura física. Foram essas estruturas de favela que acabaram incendiadas na rebelião de domingo. Aquele presídio se tornou um depositário de pessoas que chegam para cumprir seus crimes sem qualquer organização por parte do Estado. Bandidos perigosos convivem com ladrões de galinha, permitindo que esta convivência sirva como uma “universidade do crime”, onde uma elite do crime organizado dá as ordens e coopta mais adeptos para o mundo da bandidagem. As autoridades não têm controle algum sobre o que se passa lá dentro por vários motivos: porque não há um corpo profissional com a quantidade necessária nem com condições de trabalhos adequados; a falta de estrutura que permite que o depositário de detentos crie uma elite de bandidos presos; a ausência de uma política de governo que invista na reestruturação de todo o sistema. Do lado de fora, as polícias estão organizadas para fazer campanha eleitoral, e não para atuar no enfrentamento da bandidagem e na redução efetiva do crime. Do jeito que a situação está, as polícias estão apenas correndo atrás de bandidos, mas sem condições de reduzir a criminalidade. Em outras palavras, se as polícias estão engajadas em praticar e dar apoio a crimes eleitorais, não há como combater os demais crimes. As instituições mais sérias desse Estado sendo usadas por administradores inescrupulosas podem ajudar a explicar por que o sistema prisional está largado ao caos, permitindo que a insegurança cresça na Capital. O Ronda no Bairro da Polícia Militar tornou-se um paliativo, um placebo visual que dá uma falsa sensação de segurança, uma vez que as verdadeiras causas do crime não são combatidas. Enquanto isso, a Polícia Civil praticamente tornou-se uma briga interna entre delegados e agentes, seja por causa do poder interno, seja pela disputa eleitoral. A partidarização das polícias pode ser resumida na Assembleia Legislativa, onde policiais militares e delegado conseguiram mandatos. E quase um agente de polícia entrou. Porém, embora a segurança pública esteja bem representada, essa representatividade não garante investimentos para o setor. Enquanto isso, as polícias “enxugam gelo” e o cidadão fica sendo assaltado e alguns pagando com a vida. *Jornalista [email protected]