COLUNA PARABÓLICA

Dois velhos aliados cuja arenga voltará à normalidade

Coluna desta segunda-feira (4) ainda repercute as entrevistas concedidas no domingo (3) ao programa Agenda da Semana, da rádio Folha FM

Bom dia,

Doutor em Relações Internacionais, cuja tese tratou das relações entre Brasil e Venezuela, o professor e economista Haroldo Amoras disse não acreditar que as atuais escaramuças entre a ditadura de Nicolás Maduro e o governo brasileiro cheguem a nível do rompimento diplomático. Depois de lembrar que esse atrito entre os dois países já ocorreu em pelo menos três oportunidades, Haroldo disse que Lula e Maduro são dois velhos aliados – o presidente brasileiro já recebeu o ditador em Brasília com tapete vermelho e abraços fraternos -, e que a arenga entre os dois vai aos poucos voltar à normalidade.

Ao lado da identidade ideológica e doutrinária – Lula já disse várias vezes que não há ditadura na Venezuela -, e nunca reconheceu a fraude do ditador que roubou a eleição ganha por Edmundo González Urrutia -, existe um conjunto de interesses econômicos que une os dois governantes. Basta citar dois desses interesses para verificar que eles são grandes e capazes de superar qualquer diferença entre os dois: de um lado, conta da informação de que a Âmbar – empresa dos irmãos Batista (Joelcio e Wesley), que viraram queridinhos pelo governo lulista -, tem interesse em comprar a sucateada hidrelétrica de Guri; e de outro consta haver estudos bem avançados para a concessão pelo Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de empréstimo para obras de infraestrutura à ditadura venezuelana.

Expoferr 1

A edição 2024 da Exposição-Feira Agropecuária de Roraima (Expoferr) vem demonstrando ser um termômetro do avanço econômico e político da região. Essa foi a análise do secretário estadual de Agricultura, Desenvolvimento e Inovação, Márcio Granjeiro. Em entrevista ao programa Agenda da Semana, na rádio Folha FM 100.3, ele destacou esperar que a feira tenha mais de 500 mil visitantes interessados em negócios, inovação e lazer.

Expoferr 2

Mas afinal, a Expoferr é custo ou investimento? Em resposta às críticas referentes aos custos, especialmente com cachês de artistas, o titular da Seadi argumenta que, com um orçamento de R$ 13 milhões, a expectativa é movimentar R$ 1 bilhão em negócios. Ele pontuou que a feira vai além do entretenimento: gera pelo menos 500 empregos diretos, movimenta centenas de ambulantes e atrai competidores que investem alto – até R$ 20 mil, cada – para participar. Segundo ele, embora criticados, os shows são essenciais para atrair o público.

Expoferr 3

Com a Expoferr, o Governo de Roraima também acaba demonstrando seu poderio econômico/político, ao situar o Estado no mapa do agronegócio nacional e internacional. Segundo Granjeiro, caravanas de outras unidades federativas já confirmaram presença e instituições financeiras de peso estão atentas ao potencial de negócios gerado pelo evento. A feira, que conta com um pavilhão internacional, pretende posicionar Roraima como um player relevante no cenário econômico e político da região. Tem participação assegurada empresários da Guiana, Venezuela e outros países do Caribe.

Expoferr 4

Apesar dos ganhos, o grande desafio para quem pretende participar da Expoferr é o trânsito. O fluxo pesado na BR-174, passando pela ponte sobre o rio Cauamé, torna o acesso ao local um pesadelo. A organização prometeu soluções, como estacionamento interno para agilizar o tráfego, uso do Anel Viário como rota alternativa e a definição de um fluxo que passa pela região do Monte Cristo. Uma recomendação é chegar cedo.

Boa Vista 1

Ao que tudo indica, a Prefeitura de Boa Vista continua investindo pesado para sustentar o título de Capital da Primeira Infância. De filé de frango a cabos elétricos, o Diário Oficial do Município de sexta-feira (1) trouxe o resultado de uma série de pregões voltados para escolas municipais. O destaque vai para os R$ 6,7 milhões em materiais esportivos, que serão fornecidos por uma empresa paulista.

Boa Vista 2

Também foram destinados mais R$ 597 mil para a compra de filé de frango para a alimentação escolar, além de R$ 2,5 mil em material elétrico para a manutenção das unidades escolares. E quando o assunto é brinquedo, a coisa fica robusta: um contrato de R$ 1,1 milhão fechado com uma empresa local, e mais cinco contratos que somam R$ 2,5 milhões. Um volume considerável de recursos sendo injetados na educação infantil.

Transição 1

Equipes de prefeitos eleitos e derrotados nas últimas eleições têm um encontro marcado os dias 7 e 8 de novembro. O anfitrião é o Tribunal de Contas de Roraima (TCE-RR), que os convocou para uma reunião técnica, a fim de orientar os gestores sobre a transição responsável, assegurando a continuidade administrativa, com um destaque especial para as ações voltadas ao desenvolvimento infantil.

Transição 2

Mais do que uma cortesia, garantir uma transição correta é uma obrigação legal. Gestores derrotados precisam ter a dignidade de permitir uma troca de gestão sem sabotagens, ao contrário de casos lamentáveis que já tivemos notícias, em que até arquivos foram apagados para prejudicar quem chega. É nas urnas, sobretudo na derrota, que se vê o verdadeiro caráter de quem governou. Fica o registro!

Manejo

O professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Valdinar Melo, doutor em solos e pesquisador respeitado sobre a questão rural na Amazônia, disse, ontem, em entrevista ao programa Agenda da Semana, da rádio Folha FM 100.3, que em vez de se preocupar com o preservacionismo intocável, os amazônidas deveriam centrar suas ações em buscar manejo adequado para a utilização das áreas produtivas na região. O pesquisador também disse que nosso lavrado e suas gramíneas – plantadas ou não – também sequestram carbono da atmosfera.

Buritizais

O professor Valdinar Melo também lembrou que os buritizais roraimenses são importantes no sequestro de carbono, e na manutenção da umidade no lavrado. Por isso, ele e outros pesquisadores da Amazônia têm realizado pesquisas para alertar a adoção de políticas públicas que evitem a queima quase anual desse ecossistema, que além de tudo são provedores do buriti, alimento humano e animal, tão apreciado entre nós.