Jessé Souza

Dos banquetes ao desalento 4468

Dos banquetes ao desalentoJá dá para ver, nas redes sociais, políticos tirando fotos com crianças no colo e com famílias em casas humildes de madeira. É o retrato do que se resume o período pré-eleitoral que se avizinha. Que ninguém pense que os candidatos estarão interessados em discutir corrupção, reforma política, ficha limpa ou algo neste sentido no país da Lava Jato e do impeachment.

Não faz muito tempo, havia um político distribuindo melancia na periferia, como se isso fosse realmente algo muito importante, uma política social, um projeto em favor da pobreza. Mas não. As imagens que desfilam no Instagram e no Facebook são de uma política mesquinha, algo muito próximo de uma demagogia qualquer.

E ainda circulam, nas redes sociais, imagens de famílias de políticos em festa nababescas, como se fossem oriundas da linhagem direta dos imperadores babilônios. Enquanto isso, as cenas jornalísticas mostram violência e medo, estudantes abandonando os estudos à noite, mortes no hospital, execuções pelo crime organizado e rebelião no Centro Socioeducativo (CSE).

O que muito preocupa é que, entre os envolvidos no tráfico droga e facções criminosas, a maioria são jovens, homens e mulheres, além de adolescentes que já entraram para o mundo do crime. Significa que esses jovens e adolescentes representam o futuro de nosso Estado, logo deveriam estar estudando, fazendo um curso técnico, sendo menores aprendizes ou mesmo envolvidos em atividades profissionais.

Se o público jovem é principal excluído das ações governamentais como um todo, sendo cooptado pelos traficantes e pelas facções criminosas, com a imigração desordenada que estamos presenciando, então esta realidade só deve piorar.

É desalentador o que estamos presenciando em Roraima. Enquanto nossas autoridades se divertem em banquetes ou fingem fazer política com suas imagens nas redes sociais, os principais problemas ficam sem solução, ora por falta de vontade política, ora por incompetência mesmo. Em alguns casos, é interesse em manter tudo como está, na base do “quanto pior melhor”.

Enquanto os poderes constituídos mostram-se dispersos e desorganizados, o crime continua organizado e mostrando seu poder no submundo do crime, desafiando a sociedade como um todo, externando mais desalento em um Estado onde não há esperança quando se fala de poder público e política partidária. Estamos no modo “salve-se quem puder”.

*[email protected]: www.roraimadefato.com.br