Dos parques aquáticos ao crimeEnquanto o Estado não retomar o comando dos presídios roraimenses, será praticamente em vão todo o esforço da polícia em fazer frente ao crime organizado em Roraima, uma vez que a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc) se tornou o quartel general dos criminosos. No máximo, a polícia conseguirá combater os efeitos, correndo atrás dos bandidos e nem sempre evitando que eles ajam, como vêm ocorrendo.
Semanalmente a imprensa tem noticiado a guerra declarada pelas facções criminosas, por meio de acertos de contas, na mesma medida em que presos repetidamente tentam fugir da Pamc, seja cavando túnel ou tentando outras artimanhas. Com aquele presídio superlotado e caindo aos pedaços, o sistema prisional não consegue pôr ordem, sem conseguir minar a força das lideranças do crime.
Livres para agirem, os criminosos mantém o “controle da desordem”, ou seja, desafiam os poderes constituídos e comandam crimes na cidade sempre ligados ao tráfico de drogas. Aliás, o tráfico é outro problema que avança e é responsável por arrebanhar jovens e adolescentes para o mundo do crime. Atualmente, dizer que faz parte de uma facção é a senha para impor medo nas periferias da Capital.
A Polícia Militar já anunciou a criação de um grupo especial para combater o crime organizado. Mas, para que alcance êxito, o Estado primeiro terá que construir um novo presídio que garanta que os bandidos estejam realmente segregados da sociedade e impedidos de comandarem o crime dentro e fora dos presídios.
Essa será apenas uma das etapas para o Estado retomar a segurança, pois a violência chegou a um nível tal que os grupos ligados ao crime organizado se multiplicam. Além disso, ainda será necessário, fora esse trabalho policial amparado por um serviço de inteligência, que existam programas sociais que amparem a infância e a juventude da ociosidade, a fim de evitar que eles cheguem ao mundo das drogas cada vez mais cedo.
Afinal, não se combate o avanço da criminalidade apenas com mais polícia nas ruas. Os governantes há tempos não investem no básico, como esporte e lazer, além de não direcionarem programas para menores aprendizes nem cursos de formação para jovens e ações que visem dar uma ocupação a quem conhece cedo a permissividade das ruas.
Não precisa ir muito longe para apontar o desinteresse dos governantes, com os parques aquáticos, que deveriam ser um ponto de apoio nos fins de semana para a infância e juventude dos bairros, mas que estão completamente abandonados e sucateados. Então, se não for pensada uma ação bem ampla, além da ação policial, não vamos vencer nunca essa batalha contra o crime organizado e as drogas.
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