Há mais de uma década abandonada, a tradicional Escola Estadual Diomedes Souto Maior, localizada no Centro de Boa Vista, começou a ter sua estrutura demolida no feriadão de Carnaval. Com o prédio da escola fechado em 2012 por falta de condições de abrigar alunos, o governo chegou anunciar que haveria reforma, mas o problema foi empurrado por seguidas administrações até que a atual decidiu que iria leiloar o imóvel, assim como foi feito com outros bens patrimoniais do governo.
Como até agora não houve nenhuma divulgação sobre assunto, possivelmente a estrutura de ferro do ginásio esportivo da escola foi leiloada e até já foi removida durante o feriadão carnavalesco. Os trabalhadores disseram que vão voltar para derrubar o que restou do prédio. No fim de semana passado, os moradores observaram uma movimentação no local e confirmaram que o ginásio esportivo foi desmontado, com as armações de ferro e todo o telhado devidamente retirados e transportados para outro local.
É o fim melancólico de mais uma escola pública no Estado, assim como ocorreu em anos anteriores com outras unidades na Capital e interior. No tempo da pandemia, o governo tentou fechar a Escola 13 de Setembro, localizada no bairro do mesmo nome, mas graças à mobilização da comunidade o decreto de fechamento daquela unidade de ensino foi desfeito.
O caso da Escola Diomedes tem outra questão envolvida: em 2009, a Assembleia Legislativa de Roraima aprovou uma lei tornando como documento histórico e bens patrimoniais o acervo de várias escolas, entre as quais a da Diomedes. Mas tudo desapareceu e está em local incerto e não sabido. Pelas movimentações neste Carnaval, o prédio deverá ser completamente demolido nos próximos dias.
O fato é que a escola já estava totalmente depredada por marginais, que furtaram todo o fio da instalação elétrica, deteriorada pelo tempo e servindo para acumular lixo e abrigar desocupados, principalmente usuários de drogas, e para esconder produtos provenientes de pequenos furtos de residências, conforme vinham denunciando os moradores. Mas o que a vizinhança queria era a reforma e a revitalização do prédio da escola, o que certamente jamais ocorrerão.
Em 2015, o governo chegou a divulgar que o prédio havia sido repassado para a Polícia Militar, no entanto, logo em seguida, refez a decisão e o devolveu para a Secretaria da Gestão Estratégica e Administração (Segad). O Ministério Público informou que iria apurar o fechamento da unidade escolar com base na reclamação dos moradores, mas nunca se ouviu mais falar sobre o assunto. E o prédio chegou à situação degradante de atualmente.
Vale ressaltar que, à época, lideranças de movimentos sociais se mobilizaram e divulgaram carta de repúdio protestando contra o leilão sob o argumento de descaracterização da História de Roraima, documento esse assinado pelo Comitê em Defesa da Escola Pública de Roraima, Associação dos Estudantes de Roraima (Assoer), Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinter), além de outras organizações e entidades.
Mas o desenrolar dos fatos mostram que escolas, o patrimônio histórico e a própria História de Roraima não têm muita importância. Basta lembrar que o prédio do Museu Integrado de Roraima (MIR), no ano passado, foi demolido em uma situação semelhante, durante um feriado prolongado, para não chamar muita a atenção ou tempo de alguma reação. E tudo ficou por isso mesmo…
*Colunista