AFONSO RODRIGUES

E não é de Trancoso

“A alegria é o fogo que mantém aceso o nosso objetivo, e acesa a nossa inteligência”. (Helen Keller)

Foi numa caminhada pelas ruas, ontem, que fui procurando, na lembrança, o Por quê de eu estar aqui. É uma história longa que nem todos consideram história. Mas sempre me divirto quando me lembro dos capítulos vividos numa história que parece de Trancoso. Quando a II Guerra Mundial se iniciou eu tinha cinco anos de idade. O tempo passou e o mundo começou a cair no redemoinho do absurdo. Eu já tinha oito anos quando assisti ao “desfile” do Presidente dos Estados Unidos ao lado do Presidente do Brasil, em um carro aberto, pelas ruas de Natal – RN. E praticamente foi aí que a história da Guerra começou para os brasileiros. E como não tenho espaço suficiente para te contar a história, vou contar apenas episódios que ficaram em minha memória.

O território de Natal era fundamental e necessário para a vitória dos aliados. Getúlio Vargas não queria se aliar aos aliados. E os Americanos invadiram Natal. Mas o Getúlio cedeu e a invasão passou a ser pacífica. E foi aí que o Presidente dos Estados Unidos veio ao Brasil para o acordo com o Getúlio. E o foco da coisa era o Rio Grande do Norte, principalmente Natal, cuja distância para a África era importantíssima para a vitória. Uma história bonita e benéfica que deveria fazer parte na nossa Educação. Mas, ninguém tá nem aí.

O Presidente voltou para casa, e os soldados americanos entraram pacificamente e sem armas, em Natal, e iniciaram a construção da Base Aérea em Parnamirim. E foi aí que iniciei minha participação em cada momento daqueles anos. Foi uma experiência da qual me orgulho, e muito. Os anos se passaram, a guerra caminhava para o final e eu já tinha onze anos de idade quando a coisa aconteceu. Era noite e eu estava dentro do cinema, assistindo ao filme: “Fugitivos do Inferno”, sobre a guerra. Naquela época as crianças podiam estrar no cinema, à noite, desde que fossem acompanhadas por um responsável, ou simplesmente deixado no cinema pelo responsável. Depois conto pra você como foi a coisa.

Estávamos na metade do filme quando ouvimos o barulho ensurdecedor, de explosões que nos pareceram bombardeio. Muita gente se machucou na saída do cinema. No meu comportamento, fui o último a sair. Meu pai estava me esperando na porta e em vez de me levar para casa, levou-me para o meio da barulheira. Estavam festejando o fim da Guerra. As calçadas estavam lotadas de barris de cerveja e demais bebida comemorativas. E foi aí que aquele cara passou por nós, levantou o copo e gritou:

– VIVA O BARRIL!!

Pense nisso.

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