Bom dia,

Hoje é quarta-feira (11.08). Os leitores e as leitoras da Parabólica já perceberam um detalhe? Vamos aos fatos. Se algum incêndio ocorre no Pantanal Mato-Grossense, ou na Amazônia, logo as duas maiores redes de televisão do Brasil dizem que nosso país vai ser prejudicado no comércio internacional por estar contribuindo enormemente com a emissão de gases tóxicos na atmosfera, e por extensão, com a elevação planetária do clima. Apesar da contribuição brasileira na emissão de CO² ser de menos de 4% e das queimadas nos dois biomas citados não alcançar 2% dessas emissões. Os “analistas” dessas emissoras e mesmo de grandes grupos logo preveem alta na cotação do dólar estadunidense e queda no Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa).

Se o presidente da república brasileira diz algumas palavras duras contra um dos ministros das cortes superiores do país, os mesmo “analistas” falam na fuga de capital financeiro internacional, e por via de consequência, em crise cambial com os mesmos efeitos sobre o dólar e o Ibovespa por conta da crise política e que resulta em redução da segurança jurídica para os negócios no mercado brasileiro. Esses mesmos “analistas” não veem os mesmos riscos quando esses mesmos tribunais superiores decidem de uma só lapada julgar pendengas judiciais anteriores que obriga o governo federal a pagar num mesmo orçamento algo em torno de R$ 90 bilhões.

“E se o governo brasileiro resolve pedir ao Congresso Nacional, através de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que o pagamento dessa montoeira de dinheiro seja diluído por dez anos, os analistas” advertem que o mercado financeiro internacional, a até mesmo nacional, vai reagir a essa tentativa de “calote” tirando divisas do país, com as consequentes quedas no mercado de ações e alta da cotação das moedas estrangeiras. Logo para sustentar o que dizem os “analistas”, algum dirigente da corporação dos advogados – que têm interesses óbvios de receber honorários-, reforça as previsões econômicas decorrentes do caso.

E também tanques e veículos militares, na Esplanada dos Ministérios, com rápida parada na frente do Palácio do Planalto – sem entrar no mérito dessa presença-, como aquela que ocorreu, ontem, é motivo para que os “analistas” prevejam turbulência nos mercados de câmbio e de capitais pelos riscos que a presença desses equipamentos militares representa para a ordem democrática nacional. Eles juntam tal presença, com as afirmações do presidente da República de que as eleições do próximo ano estarão comprometidas, e que talvez sequer sejam realizadas; o que é naturalmente uma bravata.

A conduta desses “analistas” tem duas razões estruturais bastante óbvias. Eles sabem que políticas econômicas, e de distribuição de renda, praticadas por governos anteriores reduziu drasticamente a capacidade de poupança interna no Brasil, estabelecendo uma necessidade vital do país na captação de poupança estrangeira para financiar o crescimento da renda e do emprego, impondo aos brasileiros e as brasileiras uma conduta de subserviência aos interesses estrangeiros. De outro lado, essas emissoras estão literalmente sob domínio do capital que vem de fora do país – uma é claramente pertencente à capital estrangeiro-, e outra historicamente financiada por dinheiro alienígena. Logo, verbalizam interesses desses grandes objetivos internacionais.

Longe da Parabólica, querer justificar os desacertos evidentes do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), mas é necessário lembrar esse cenário para que compreendamos as raízes da atual crise política e econômica brasileira. É preciso ver além do umbigo, sendo fundamental lembrar logo ali teremos eleições presidenciais.

RÁPIDAS

E migração de venezuelanos para o Brasil, através de Roraima, continua aumentando, sem que o governo federal anuncie quaisquer medidas para enfrenta-la. E os políticos locais parecem ainda sem demonstrar preocupação com esse aumento do fluxo migratório. ### O placar de 229 votos a favor e 218 contra demonstrou que a tese do voto impresso é majoritária na Câmara dos Deputados, faltou o quórum qualificado de 318 votos. ### A bancada de deputados federais roraimenses votou majoritariamente pelo voto impresso. Apenas Joênia Wapixana (REDE) e Edio Lopes (PL) votaram contra. ### O governo estadual e a administração do município de Boa Vista deveriam adotar medida para tirar Roraima da rabeira dentre os estados brasileiros que menos vacinaram, proporcionalmente, sua população. É vergonhoso isso. Nada justifica. ### E nos últimos dias, Roraima tem aparecido como um dos poucos estados brasileiros que registram aumento no número de mortes por Covid19. ### Aécio Neves (PSDB-MG), citado por Jair Bolsonaro como garfado no segundo turno da eleição presidencial de 2014, foi o único deputado federal presente a sessão de votação da PEC do voto impresso, que se absteve de votar. ### 65 deputados e deputadas federais não compareceram, por alguma razão, à votação da PEC do voto impresso. Isso significa 13% daquela casa legislativa. ### Até amanhã.