Bom dia,
Ana Zuleide Barroso da Silva, professora da Universidade Federal de Roraima, é leitora assídua da Parabólica. Ela ligou para fazer alguns reparos aos comentários feitos aqui na última edição da Coluna. Disse especialmente que não se pode creditar a apertada vitória de Lula da Silva (PT) no segundo turno da eleição presidencial apenas aos votos do nordeste e nos dois maiores colégios eleitorais da Amazônia, Pará e Amazonas. Lembrou que o candidato petista venceu nalguns grandes colégios do Sul – Porto Alegre, por exemplo-; do Sudeste – São Paulo (capital) e Belo Horizonte, a capital de Minas Gerais, estado onde Lula também venceu-, entre outras médias cidades naquelas regiões. Exibindo dados do Tribunal superior Eleitoral (TSE), Ana Zuleide mostrou que Bolsonaro venceu Lula nas duas maiores cidades da Amazônia, Belém e Manaus.
Feitos os reparos, vamos às explicações da Parabólica. Daqui nunca quisemos dizer que Lula venceu o segundo turno da eleição apenas por conta dos votos dos nordestinos, o que foi dito é que a grande diferença com que o petista venceu seu oponente no Nordeste foi mais que suficiente para compensar a diferença com que ele perdeu nalguns estados importantes como São Paulo e Rio de Janeiro. E nem mesmo a importante maioria de votos que Bolsonaro (PL) teve na região Sul do país. Simples assim, e nem o fato dos nordestinos terem garantido a eleição de Lula da Silva tornam sua eleição menor, ou menos legítima. O que se quis dizer é que este resultado espelha formas de ver o mundo, e especialmente do ponto de vista do Estado, que podem ser produto das experiências históricas da população que vive nas diferentes regiões do país.
Em síntese, uma pequena maioria dos eleitores e das eleitoras brasileiras definiu a partir do voto – o que é próprio da democracia-, uma opção por um Estado mais provedor, mais estatizante, na crença de que o liberalismo e o mercado não foram capazes de fazê-lo. É claro, é essa expectativa que será colocada à prova a partir do janeiro do ano que vem, e que todos devem fazer é torcer para que isso ocorra, sem engodo e malabarismo populista.
DESDE SEMPRE
Fontes da Parabólica garantem que já tem parlamentares federais e estaduais declarando-se lulista/petistas desde criancinha. Afirmam que se vestiram de verde e mostram o 22 nos “santinhos” apenas por conta do pragmatismo, afinal, era visível a forte liderança do atual presidente da República. Agora elas já dizem que sua cor preferida de coração é o vermelho. Em nome da chamada governabilidade esses parlamentares dizem que todos têm que apoiar o novo governo. Sem dúvida, poucos ainda duvidam de que Lula vai facilmente conseguir forma uma maioria, ainda que fisiológica, no Congresso Nacional.
LÓGICA PERVERSA
Palavras ouvidas de um parlamentar recém-eleito: “A vitória do Lula foi muito boa para nós. Se o Bolsonaro continuasse presidente da República, o Denárium continuaria tendo a acesso direto ao Palácio do Planalto e a todo Ministério. Não daria bola para nós. Agora, sem acesso ao governo Lula, ele terá que negociar muito mais. Vai ter que compor um governo ouvindo os parlamentares, se quiser ter um mínimo de possibilidade de governar. Caso contrário vai ter muita dificuldade de acesso a Brasília e aqui não conseguirá tudo o que espera da Assembleia Legislativa de Roraima. Vamos ficar atentos aos próximos passos dele e muitos começarão a dizer não”. Lógica perversa, aí parece que o que menos importa são os interesses de Roraima, afinal, muitos podem ser contrariados no próximo governo federal.
MINISTRA
Petistas e outros partidos de esquerda de Roraima andam animados com a possibilidade da atual deputada federal Joênia Wapixana (REDE) virar ministra de Estado no futuro governo Lula da Silva. No primeiro discurso que fez logo após a publicação do resultado eleitoral, Lula anunciou que criaria o Ministério dos Povos Originários com objetivo principal de defender o direito dos índios brasileiros. Joênia foi a primeira mulher indígena a ser eleita para o Congresso Nacional e tem muita prestígio entre as organizações não governamentais, inclusive internacionais, e esteve muito próxima do presidente eleito na campanha. E de fato, tem real possibilidade de virar ministra a partir de janeiro do próximo ano, pois não foi reeleita, apesar da boa votação pessoal.
NA FRENTE
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de Roraima (OAB-RR), Ednaldo Vidal, nomeou, e empossou, na segunda-feira (31.10), os primeiros integrantes da Comissão de Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas (CDDPI), da Seccional. Foram empossados o advogado e ex-procurador de Justiça Edson Damas da Silveira; a advogada Maria Luiza Galle Lopedote ; e o advogado Júnior Nicácio Farias. Segundo Edson Damas, o objetivo da CDDPI é servir de canal para levar a bom termo as negociações que serão necessárias, face a visão do governo Lula da Silva quanto à questão indígena no Brasil e em Roraima.