É preciso atenção ao momento crítico da nova onda de coronavírus
Jessé Souza*
Enquanto representantes do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) faziam vistorias no Hospital de Retaguarda, sob responsabilidade do Governo do Estado, na manhã de ontem, pacientes com sintonomas de Covid-19 se aglomeravam em busca de atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da Prefeitura de Boa Vista.
Na UBS Olenka Macellaro, no bairro Caimbé, uma enorme fila se estendia da porta principal até a calçada na Avenida Mário Homem de Melo, em que as pessoas tinham que se virar como podiam, sem distanciamento, em pé meio ao sol a pino e diante de uma longa espera, revelando que o Município não se preparou para a esta nova onda de coronavírus.
Enquanto isso, o prefeito Arthur Henrique (MDB) ainda vai se reunir, com o Comitê Municipal de Combate à Pandemia, para avaliar a situação da Covid-19 na Capital. Provavelmente não foi avisado que é preciso sair dessa zona do comodismo para iniciar uma ação mais incisiva para testagem em massa e acolhimento dos pacientes para o atendimento primário.
Além da ação da nova variante do coronavírus, está havendo um surto de uma violenta gripe que está acometendo a população com febre alta, calafrios e dores pelo corpo, o que tem levado mais pessoas a buscarem atendimento nos postos de saúde e também na emergência da saúde estadual. O cenário de caos está desenhado e o atendimento básico precisa reforçar o atendimento nesse momento crítico.
O prefeito de Boa Vista já disse que não irá adotar outras medidas restritivas além da que estão em vigor. Menos mal que cancelou o Carnaval. Os prefeitos do interior seguem a linha de fingir que a situação não lhes diz respeito, a exemplo do Município do Cantá, que liberou a Festa do Abacaxi, no fim de semana, mesmo tendo um decreto da própria Prefeitura proibindo eventos públicos com aglomeração.
E já estão preparando o Festejo de Bonfim, com anúncio nos municípios de ônibus que sairão recolhendo participantes para o evento por 24 horas, o que indica que o festejo também reunirá centenas de pessoas em um momento em que os postos de saúde estão com fila de espera e os hospitais tentando se preparar para evitar o calapso no atendimento devido ao grande número de casos que estão sendo registrados nesses últimos dias.
Enquanto tudo isso ocorre, foram intensificadas as fake news nas redes sociais e grupos de WhatsAPP contra a vacina, que é a única forma apontada pelos cientistas para frear o avanço da pandemia. É um quadro preocupante no momento em que a população também já relaxou nos procedimentos básicos de higiene, uso de máscara e do distanciamento social.
O reflexo do quadro que estamos vivendo pode ser visto nos números divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) referente à semana passada, quando Roraima registrou 2.564 casos de Covid-19, considerado o maior volume de testes positivos desde agosto de 2020, primeiro ano de pandemia.
Em apenas duas semanas de 2022, foram registrados 3.742 casos. Na semana passada, foram 1.178 registros, número que é 117% maior do que da semana anterior. E a tendência é essa estatística subir, o que deve colocar as autoridades de saúde em alerta para o pior. O ponto positivo é que não houve mortes nesse período.
Os fatos estão aí. A população precisa assumir sua parte, indo aos postos se vacinar e continuando com as medidas de prevenção. É possível notar que o atendimento primário precisa ser reforçado imediatamente, já que o prefeito não deve retomar medidas mais austeras. Esperamos que o MP esteje atento também para cobrar isso das autoridades municipais. O momento é crítico.
*Colunista