AFONSO RODRIGUES

É só uma questão de interpretação

“O homem superior atribui a culpa a si próprio; o homem comum, aos outros” (Confúcio)
Depende da condição do julgamento. Sempre que alguém comete um erro e é submetido a julgamento,
podemos ver 1ogo se ele é uma pessoa superior ou simplesmente comum. Tudo vai depender de como ele encara o julgamento. Ou mais precisamente, de como nós, curiosos assistentes, interpretamos as respostas dadas às perguntas do investigador. E nem sempre estamos preparados para entender a resposta. O Oscar Wilde também disse: “A vida é muito importante para ser levada a sério”. E às vezes nem entendemos isso e acabamos levando a vida na brincadeira. Garanto que você já assistiu a muitos casos dessa natureza.
Muitas vezes zombamos do que é engraçado e rimo do que é escabroso. Recentemente assistindo a uma
série de notícias pela televiso, lembrei-me de um caso que me foi contado há muito tempo e que me alerta até hoje.
Nos almoços aos domingos na casa do meu filho Homero, a gente se diverte com os casos, os mergulhos
na piscina, as gafes e acontecimentos hilários. Foi ali que alguém contou o caso de um caipira que numa
discussão corriqueira, irritou-se e pegou a espingarda, atirou e matou o adversário. Foi preso
imediatamente. O delegado estranhou o comportamento tranquilo do criminoso. E imediatamente iniciou as perguntas na investigação. Mas o investigado não respondia e só falava isso:

Dotô… num foi eu quem matou o sujeito.
O delegado não lhe deu ouvidos e continuou com as perguntas. Mais as respostas não vinham, e apenas a
mesma afirmativa:

Olhe, dotô… eu tô falando a verdade nua e crua, não foi eu que matô o sujeito.
Até que finalmente o delegado irritou-se, ergueu-se, bateu forte na mesa e deu uma bronca bem longa no
investigado. E como ele continuava calado e sem resposta, o delegado quase encostou o dedo no nariz do
investigado e falou quase gritando:

Eu só quero que você me diga com honestidade, quem matou o seu amigo, e qual foi o motivo e o
porquê do tiro. E se você não me contar, tudo e agora, vou mandá-lo para a cadeia e você vai ter que
encarar a justiça. E com certeza, você vai apodrecer na cadeia.
A coisa continuou a esquentar com o silêncio do criminoso que por fim resolveu falar:

Dotô… não foi eu que matô o condenado.

Chega de tolice! Se não foi você, quem foi? Fala! Vamos, desembucha, seu criminoso sem vergonha!
Porque se você não falar vai diretamente para a cadeia. Não quero mais desculpas esfarrapadas.
Aí o caipira resolveu confessar a seu modo:

Dotô… eu só atirei pra assustar ele, mais quem mato ele foi a bala!
Pense nisso.
[email protected]
99121-1460