Bom dia,

Hoje é quarta-feira (27.10). Véspera de mais um feriado e que vai emendar com um feriadão, juntando dois pontos facultativos com o feriado de finados. Enfim, teremos especialmente para os servidores públicos, um recesso de seis dias. Aliás, muita gente já abandona os afazeres funcionais desde hoje, afinal ninguém é de ferro para trabalhar tanto. Pobre Brasil, afundado numa crise econômica que acumula desemprego, baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e inflação – os economistas chamam isso de estagflação-, além de uma crise política que não parece ter fim. A tudo isso se soma uma profunda e irreconciliável divisão de uma sociedade fragmentada ideologicamente, aproveitada oportunisticamente por uma classe política que cada dia representa menos os interesses coletivos da população.

Ontem, terça-feira, foi um dia típico a espelhar a realidade e o cenário que emoldura a vida dos brasileiros e das brasileiras atualmente. As estatísticas de mortes de pessoas em virtude de complicações decorrentes da Covid19 demonstram que estamos muito perto de controlar o vírus surgido na China, que tem matado milhões de pessoas mundo a fora. O número de mortes contabilizadas nas últimas 24 horas foi de 160 pessoas, o segundo menor registrado em 2021 – e não está afetado por falta de registros-; seis estados, inclusive Roraima, não registraram uma única morte por conta do vírus; em dez outros foi registrado apenas um óbito. Todos os demais estados da federação brasileira, incluindo o Distrito Federal, tiveram registro de menos de dez mortes.

Tudo isso, era para ser comemorado, afinal, vencer o Coronavírus parece ser, no memento, a principal meta de todos os países do Planeta. Mas, quase ninguém, na imprensa e nas mídias sociais, destacou o fato. Uma observação crítica sobre a pauta de ontem, nas duas principais redes de televisão no Brasil, mostra o domínio do encerramento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada no Senado Federal, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). Seus telejornais utilizaram mais da metade do tempo para destacar as conclusões do relatório final apresentado por Renan Calheiros (MDB) – de discutível imparcialidade-, e os pronunciamentos demagógicos de alguns senadores, que pareciam comemorar como se fosse um gol, a divulgação dos dados indicando que o total de mortes no Brasil por decorrência de complicações da Covid19, ultrapassara os 606 mil.

É claro, todos lamentamos o número de mortes. Todo tem a consciência das sequelas físicas e mentais que desabaram sobre os sobreviventes, e suas famílias. Todos têm noção de que muitas das consequências trágicas que se abateram sobre as famílias de mortos e contaminados ainda demorarão a ser superadas. É disso que devemos cuidar com prioridade. Promover espetáculo oportunista e eleitoreiro sobre tamanha tragédia, tentando indicar responsáveis por ela – como se fosse possível indicar cerca de 78 responsáveis diretos pelas 606 mil mortes-, é uma atitude, no mínimo lamentável. Erros na condução do combate à pandemia foram muitos, e que vão da postura negacionista do governo federal e de decisões equivocadas do Judiciário e do próprio legislativo. E quem sabe, de todos nós, pouco afeitos à disciplina cidadã que o combate ao vírus exigia.

 E não se deve esquecer do gigantesco interesse comercial de grandes corporações econômicas, que ganharam e continuam ganhando uma montanha imensurável de dinheiro à custa do surgimento da pandemia. Que triste tudo isso.

RÁPIDAS

Na edição de ontem, dissemos que apernas o coordenador da bancada federal, o deputado Hiram Gonçalves (Progressistas) viria no avião presidencial acompanhando Bolsonaro desde Brasília. Erramos: também o deputado federal Antônio Nicoletti (União Brasil) fez parte da comitiva presidencial. ### Bolsonaro e sua equipe ignoram a imprensa e esta tem ignorado boa parte das atividades diárias do presidente. Ontem, terça-feira, quase ninguém no Brasil soube que o presidente passou quase todo o dia andando por Roraima. ### E como o presidente teve suspensas por uma semana suas redes sociais, sua visita ao estado foi ainda mais ignorada pelos brasileiros e pelas brasileiras. ### Momento diferenciado durante a visita do presidente à igreja evangélica Assembleia de Deus foi seu encontro com o expedicionário e ex-integrante da Guarda Territorial do Rio Branco, Sebastião Paulino de Lima, que já ultrapassou os 100 anos de vida. ### Lideranças indígenas da comunidade do Flexal, visitada por Bolsonaro ontem, iam tentar mostrar ao presidente as precaríssimas condições da escola local. A Coluna não sabe se conseguiram. ### Ainda sobre a visita presidencial a Roraima, ontem. Pareceu estranha a ausência do ministro das Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, que não integrou a comitiva de Bolsonaro. Afinal, como foi divulgado, o sobrevoo sobre o Vale do Cotingo para ver o potencial energético daquele rio era um dos principais pontos de pauto da visita do presidente a Roraima. ### Mesmo sem visitar Pacaraima, por motivos de segurança, Bolsonaro conversou com imigrantes venezuelanos num abrigo da Operação Acolhida. Aproveitou para dizer que não gostaria que os brasileiros tivessem o mesmo destino caso a esquerda seja vitoriosa nas eleições de 2022. ### Pelo menos a Receita Federal não pode reclamar da crise econômica brasileira: Só nos primeiros nove meses do ano (Jan/Set) o órgão arrecadou dos contribuintes tupiniquins a bagatela de R$ 1,3 trilhão. É a maior para o período em 21 anos. ### E para contrariar o desejo dos opositores, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendeu, ontem, o julgamento de cassação da chapa Bolsonaro/Mourão com o placar de 3 a 0 pelo arquivamento do pedido feito pelo PT. ### Até amanhã.