Jessé Souza

Em busca de estadistas 06 11 2014 245

Jessé Souza* Quando o então governador Ottomar Pinto (que Deus o tenha!) decidiu construir o viaduto no cruzamento das avenidas Venezuela e Glaycon de Paiva, um grande número de pessoas o criticou. Diziam que era desperdício de dinheiro com uma obra desnecessária para aquela época. Nesse tempo, o fluxo de veículo na cidade era muito menor. Da Venezuela para a zona Oeste, os maiores bairros ainda nem haviam surgidos. Logo, na mente dos que queriam apenas um motivo para criticar, aquele viaduto seria inútil e, portanto, desperdício de recursos públicos. É evidente que se pode questionar a honestidade na condução das obras, a exemplo do viaduto no entroncamento do Contorno Oeste com a BR-174, porém a utilidade tanto do viaduto quanto daquele anel viário será essencial quando esta cidade avançar mais um pouco. E o núcleo urbano já chegou por lá. O que quero afirmar é que não temos nenhum político ou política atualmente empenhado em preparar Boa Vista e o Estado de Roraima para o futuro. Não há nenhum tipo de planejamento visando resolver os problemas de hoje para evitar colapsos em um futuro não muito distante. Os políticos estão tão somente preocupados com seus grupos, com seus negócios e com a próxima eleição. Não há ninguém querendo agir como estadista. Querem viver da corrupção para alimentar suas contas correntes e se manterem no poder, então não sobra tempo para planejar o futuro da sociedade. Toda a política é feita para o momento, para atender as necessidades mais urgentes, a fim de manter as pessoas na dependência ou na ignorância política. Tendo a corrupção como forma de governar, gastar com projetos visando o futuro não satisfaz a necessidade de manter tudo como está. Boa Vista está sendo vítima dessa política de projetos superficiais, que valorizam a estética e esquecem das soluções de nossos graves problemas de sustentabilidade, de mobilidade urbana, ambientais e de infraestrutura que possa garantir um futuro melhor para as próximas gerações. Para se ter uma noção desta forma de governar, basta lembrar que os hospitais, as escolas, os presídios, as estradas e tudo o que é essencial no que diz respeito ao bem-estar coletivo foram construídos no mínimo há duas décadas, por isso essas estruturas não suportam mais a demanda e estão caindo aos pedaços porque não receberam a manutenção e os investimentos necessários. Ao longo desse tempo, tudo que foi construído está inacabado, abandonado ou em ruínas, porque foi feito de forma rasteira, com qualidade questionável, com materiais de segunda e construído para economizar recursos a fim de que sobrasse mais dinheiro para os esquemas. Estamos congelados no tempo e, em alguns setores, caminhando para trás. E o povo caindo nas mesmas enganações a cada dois anos. Em breve, teremos mais uma eleição municipal. Então, já passou da hora de cobrar ações e atitudes dos políticos para que Roraima saia desse congelamento e da prisão política de uma terra sem estadistas, aqueles que olham para o futuro. *Jornalista [email protected]