JESSÉ SOUZA

Em meio a muitas cifras e promessas, Parque Anauá segue como símbolo do descaso

A via principal que garante mobilidade dentro do Parque Anauá não tem passado por manutenção periódica

A chegada do inverno com suas fartas chuvas devolveu o cenário do Lago dos Americanos, no Parque Anauá, que se tornou desde a década de 1980 um espaço de lazer e atividades físicas importante para o roraimense. No entanto, quem passa por lá não tem como deixar de observar o descaso com esse parque urbano que deveria ser exemplo para a Amazônia.

O maior parque urbano a céu aberto do Norte vem agonizando desde governos anteriores, que anunciaram seguidas obras de revitalização que nunca aconteceram. Esta Coluna vem acompanhando a situação há um certo tempo, quando em dezembro de 2019 a atual administração divulgou que, “diferentemente de governos anteriores, que muito gastaram e nada fizeram”, agora iria entregar “um novo e moderno espaço de lazer” até março de 2020.

Já naquela época havia obras inacabadas e uma estrutura se deteriorando por todos os lados, sendo o principal símbolo do descaso o parque aquático que virou um monstro de sucata; e isso sem contar com o prédio do Museu Integrado de Roraima (MIRR) que chegou a um ponto crítico cuja solução do governo foi demolir o prédio histórico.

Chegamos a 2024 depois de seguidos anúncios de verbas e promessas de revitalizações que nunca se concretizaram. Nem mesmo as vias de acesso passam por devidas manutenções, com buracos tomados por água da chuva que podem se tornar atoleiros ou provocar acidentes a condutores e transeuntes.

Antes de chegar aqui, em 2019, o governo anunciou obras em duas etapas, em que a primeira seria investido o valor de R$ 14 milhões, oriundos de emenda parlamentar, por meio do Ministério dos Esportes. A segunda etapa custaria mais R$ 9 milhões aos cofres públicos. Porém, nada avançou naquele ano sob a justificativa da pandemia.

Depois, em outubro de 2021, novamente foram anunciadas “obras que transformariam o Parque Anauá”, mas outra vez nada ocorreu. Um ano depois, em 28 de outubro de 2022, depois de passadas as eleições em que a atual administração foi reeleita, um novo anúncio de reforma da iluminação do Parque Anauá ocorreu.

O tempo passou e, em abril do ano passado, um novo anúncio feito de forma festiva, com imprensa e tudo a que havia direito, autoridades foram para o palco do Forródromo, lugar tradicional de grandes festas, para assinar ordem de serviço para obras que iriam “transformar o Parque Anauá”.

O valor da ordem de serviço seria “superior a R$120 milhões”, conforme release divulgado no dia 18 de abril de 2023 pelo governo, texto que informava que o anúncio de obras de revitalização incluía novamente a iluminação pública bem como o arruinado Ginásio Totozão, cujo valor seria de R$ 9.617.909,00.

De lá até o momento atual, pouca coisa andou e o aspecto do parque continua o de abandono, embora seja possível ver operários de uma empresa trabalhando, mas em uma lentidão difícil de explicar, uma vez que órgãos de controle nunca se posicionaram historicamente para o que ocorre por lá. Até as obras concluídas de gestões anteriores estão sem uso, pois sequer foram entregues à população.

Alguém precisa tomar um posicionamento, pois não há como esconder tamanho descaso aos olhos de todos, com tantas cifras anunciadas e pouca entrega do que vem sendo prometido muito antes de 2019, quando as principais obras haviam sido abandonadas, também sob o silêncio de quem deveria ao menos fiscalizar.

*Colunista

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