Engabelação sem fim
A forte onda migratória vem sendo colocada como culpada pelo agravamento da situação nos principais setores do Governo do Estado, principalmente na saúde pública. É fato que a chegada inesperada de centenas de estrangeiros aumenta a superlotação e prejudica a qualidade de atendimento à população.
Mas o verdadeiro motivo é que as autoridades locais sempre acreditavam que poderiam continuar fazendo o básico (ou nem isso) e engabelando a população, dizendo que estavam investindo o grande volume de recursos federais que chegam, como sempre fizeram. Até que, de uma hora para outra, vieram os venezuelanos, haitianos e outros estrangeiros.
Com décadas de atraso nos investimentos, o setor público, que já não estava suportando a população local, que não passa do total de moradores de um bairro de cidade grande, a exemplo da vizinha Manaus (AM), foi surpreendido com um inchaço populacional, principalmente de gente vindo da Venezuela.
A propósito, antes dessa onda migratória experimentada atualmente, as autoridades de saúde já ficavam alegando que a maternidade e o Hospital Geral de Roraima (HGR) ficavam sobrecarregados porque eram unidades de referência que atendiam pacientes de países vizinhos.
Como o número de imigrantes deu um salto surpreendente, com pessoas fugindo da pobreza absoluta no país vizinho, o setor público viu-se perdido nesse caldeirão fervilhante, pois não recebeu o investimento necessário por parte dos governos locais, que só trabalham no tranco e na base da enganação.
O exemplo mais concreto é o sistema prisional, que está aos frangalhos porque não recebeu investimento e nunca foi pautado como prioridade pelos seguidos governantes. E esse atual governo só é mais um que fica fazendo apenas o possível, enquanto demanda seu tempo articulando política partidária em vez de ter encarado os problemas desde o início.
No setor de saúde, a incompetência ou desleixo pode ser vista na sequencial troca de titular da pasta, na promessa de mudanças que nunca são concretizadas. O mesmo tem ocorrido com o sistema prisional, que sequer teve a competência de admitir a existência do crime organizado a tempo.
Se o Estado de Roraima está em uma situação delicada por causa da migração em massa, este ônus não pode ser colocado na conta dos estrangeiros. Esse problema foi criado pelo governo, que nunca se mostrou ágil e competente para dotar a estrutura de governo que já não estava suportando sequer a população antes da chegada dos imigrantes.
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