Enganação em tempo eleitoral O garimpo ilegal em Roraima está sendo responsável pela maior agressão aos principais afluentes do Rio Branco, o mais importante manancial de água potável para a população local e meio de sobrevivência de milhares de ribeirinhos, de norte a sul do Estado. É o maior crime já cometido ao meio ambiente depois da corrida do El Dourado, na década de 80, colocando em risco o futuro dos roraimenses. Jamais podemos esquecer o que aconteceu com São Paulo, quando os reservatórios de água secaram.
Porém, ao invés de buscar soluções para gerar emprego para esses pais e mães de famílias que batalham pela sobrevivência em uma atividade ilegal no meio da selva amazônica, dentro dos limites da Terra Indígena Yanomami, há parlamentares “jogando para a plateia” e prometendo regularizar a garimpagem. O que os defensores dessa ideia não esclarecem é que não existe mais amparo legal para a extração mineral de forma manual nem aos moldes que é executado hoje, com dragas destruindo os leitos dos rios e devorando a floresta, em especial as matas ciliares dos mananciais.
Ainda que ocorra a regularização da mineração no país – o que será muito difícil porque os projetos estão emperrados no Congresso Nacional há décadas – a legislação não irá beneficiar gente com bateia nas mãos ou com suas dragas no meio do rio. Esse tipo de trabalho semiescravo no meio da floresta não existe mais em país desenvolvido. Significa que prometer regularizar a garimpagem em Roraima trata-se de uma enganação em tempo de ano eleitoral. O momento é de alerta sobe o risco que corre toda a população do Estado devido à poluição e destruição dos rios.
Os pescadores foram os primeiros a sentir a consequência imediata desse crime que está sendo cometido pela garimpagem ilegal. Tem ainda as populações indígenas e das cidades afetadas pela degradação. Por isso, ao invés de incentivar essa prática, os parlamentares deveriam estar cobrando a repressão aos agenciadores e donos de balsas do garimpo ilegal, além de estarem estudando alternativas econômicas para essas famílias exploradas pelos donos dos garimpos.
Se o Exército e a Polícia Federal não conseguem fazer uma repressão à altura ao garimpo ilegal, isso significa que tem gente muito importante envolvida no financiamento e manutenção dessa exploração criminosa. É prática recorrente, neste país da esculhambação geral, o poder econômico se sobrepor aos interesses da coletividade. Estamos correndo sérios riscos ambientais e o papel das autoridades é tomar providências imediatas. Antes que seja tarde demais! *Colaborador [email protected] Acesse: www.roraimadefato.com/main