Bom dia,
A estiagem já bate forte em toda a Amazônia. Rios importantes na navegação da região como o Madeira – importante via de transportes especialmente de cargas entre Porto Velho e Manaus, com reflexos diretos no abastecimento de Roraima -, já apresentam trechos onde não é possível navegar durante a noite. Capitais como Porto Velho, Rio Branco e Manaus e outras cidades interioranas amazônidas são tomadas por fumaça provenientes de focos de incêndios que parecem indicar novos recordes de destruição da floresta, como vem acontecendo nesses dois últimos anos.
Em Roraima, o início da estiagem parece ter começado precocemente e numa intensidade assustadora. As chuvas desapareceram em quase todo o território estadual. O rio Branco, nossa principal fonte de abastecimento d’água potável apresenta um nível pela metade em apenas duas semanas. E se o Branco está esvaziando rapidamente, é porque seus afluentes estão secando numa velocidade preocupante. Sem qualquer sombra de dúvida, começarão a surgir focos de incêndios, dentro dos próximos dias, no nosso lavrado e nas florestas roraimenses.
Esse suceder de estiagem em toda a Amazônia está sendo previsto por especialistas faz algum tempo. Principal responsável pela preservação da região, o governo federal, para além do jogo publicitário destinado sobretudo a agradar o ambientalismo internacional, de novo não está sendo capaz de definir um esquema estrutural para o enfrentamento da catástrofe já em andamento, com prejuízos incalculáveis. E para comprovar que as ações de defesa da Amazônia é um mero jogo de cena, o ministro da Integração Regional, Waldés Góes, ex-governador do Amapá, anunciou que o governo federal acaba de destinar R$ 30 milhões para mitigar as consequências da estiagem amazônica.
Ora, R$ 30 milhões é um valor ridículo frente às gigantescas consequências da estiagem. Especialmente comparado quando se sabe que representantes dos três poderes almoçaram esta semana no Supremo Tribunal Federal (STF) para destravar a liberação das emendas pix e outras impositivas, estimadas em quase R$ 50 bilhões; e para aprovação de uma Medida Provisória (MP), assinada por Lula da Silva (PT), que transfere mais R$ 1,2 bilhão para pagar vantagens salariais no Poder Judiciário. Essa é a régua que mede a importância real da Amazônia para a elite nacional.
Mas, não se pode cobrar apenas do governo federal no enfrentamento das terríveis consequências da estiagem na Amazônia. Os governos estaduais e municipais, e mesmo as sociedade locais, teriam obrigação de juntar-se ao governo federal na tarefa de mitigar os efeitos da estiagem. No caso de Roraima, por exemplo, não vieram a público, até agora, qualquer plano de enfrentamento dos problemas que advirão com a falta de chuvas. Os políticos instalados no poder público estadual e nos governos municipais estão só preocupados em manter seus privilégios, quer no âmbito judicial, ou nas disputas eleitorais que estão a pleno vapor. Até quando?
Maior
Segundo declarações do presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), as discussões sobre a reforma tributária que se encontram atualmente por lá, poderão levar a aprovação de um IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) com alíquota de 28%, a maior em todo o mundo. O IBS é um Imposto de Valor Adicionado (IVA) que juntou o Imposto sobre Circulação de Bens e Serviços (ICMS), de competência estadual e o Imposto Sobre Serviço (ISS) de âmbito municipal. E tome peso do um Estado paquidérmico sobre os ombros da população.
Silenciaram
Os deputados federais Duda Ramos (MDB) e Antônio Carlos Nicoletti (União Brasil), que se manifestaram previamente sobre o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do processo de cassação do governador Antonio Denarium (Progressistas) e do vice-governador Edilson Damião (Republicanos), ficaram mudos nas redes sociais. Mas em conversa com a Folha, Duda afirmou que a retirada do recurso da pauta de terça-feira (20) é “normal”, permite mais tempo para os ministros analisarem a questão e que acredita na cassação devido à gravidade das acusações. Nicoletti não respondeu.
Sem data
Matéria publicada por um dos canais de notícias mais importantes do país, a CNN Brasil, indica que a ministra Cármen Lúcia, a presidente do TSE que cancelou de última hora o prosseguimento o julgamento do recurso que poderia cassar o mandato do governador de Roraima e de seu vice, está decidida a não levar a julgamento qualquer processo de cassação de governadores e prefeitos até o final das atuais eleições municipais.
Aliados
A Polícia Federal (PF) vai investigar nomes ligados e apoiados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) que disputam eleição para prefeito e vereadores neste pleito que se encontra a todo vapor. Fontes da Polícia Civil de São Paulo indicam que o PCC tem reservado nada menos que R$ 8 bilhões para eleger aliados que futuramente comandarão as prefeituras e câmaras de vereadores no País. Essa grana é mais de 250 vezes o que o governo federal vai gastar para mitigar os efeitos da estiagem na Amazônia.