Como não poderia ser diferente, começou a circular uma enxurrada de vídeos e fotos de moradores de localidades do interior de Roraima mostrando a situação de pontes de madeiras, bueiros e estradas atingidos pelas fortes chuvas que têm caído em todo o Estado, desta vez incluindo a região Sul, vizinha do Estado do Amazonas, onde o inverno tem sido rigoroso.
Cenário perfeitamente previsível diante da forma de se fazer política, especialmente nos municípios do interior, onde chegam verbas de emendas parlamentares aos montes, destinadas a obras que não são executadas como deveriam ou nunca são executadas mediante paralisações e morosidades propositais, além dos esquemas que a opinião pública bem sabe.
Nesse fim de semana, no Distrito Martins Pereira, no Município de Rorainópolis, no Sul de Roraima, as chuvas permitiram surgir antigos problemas que não são exclusivos daquela região, a exemplo de enxurrada arrastando aterros de vicinal e ponte de madeira em precária situação desabando com o peso de veículos.
O curioso é que, em uma das estradas mostradas em um dos vídeos, em Martins Pereira, uma pequena manilha foi instalada no aterro para dar vasão às águas onde deveria haver um bueiro de verdade. Estava óbvio que aquela manilha não serviria, obrigando os moradores a abrirem uma vala para que a enxurrada não arrastasse o aterro, o que deixaria os moradores ilhados. Inclusive já havia moradores batendo retirada antes que o pior ocorresse.
Na Vicinal 8 daquela localidade, uma ponte de madeira visivelmente deteriorada cedeu durante a passagem de um carro de passeio. É só mais uma cena comum a todo o inverno, onde prefeituras não fazem a mais básica das manutenções e onde o governo não se preocupa em construir um planejamento estratégico para ajudar os municípios a resolverem os problemas antigos e crônicos.
Da mesma forma que as autoridades saem de um verão de forte estiagem, com seca e incêndios destruindo tudo em vários municípios, elas seguem para um inverno rigoroso, com as fortes chuvas destruindo estradas, pontes de madeira, bueiros mal dimensionados ou mal construídos. Esse mal dimensionamento é uma estratégia para economizar mais dinheiro dos recursos recebidos pelas prefeituras.
Infelizmente, estamos presenciando apenas o início de um período chuvoso que promete ser rigoroso a partir desse mês de junho. Ainda iremos assistir a muitos vídeos de estradas destruídas ou intrafegáveis, não por culpa exclusiva da natureza, mas principalmente pela incompetência ou desleixo das autoridades.
Enquanto o meio ambiente entra para um “novo normal” das mudanças climáticas, com eventos cada vez mais frequentes e mais fortes, os políticos seguem na política da mesmice, sem qualquer plano estratégico para enfrentar inverno ou verão, com obras realizadas meia-boca, sem fiscalização, e com seus antigos esquemas a desafiar a sociedade. É preciso se preparar para o pior.
*Colunista